Vitrines Da Vida

Nada de solidão

Ano novo. Dias quentes. Tempo de férias. Nada a fazer. Viajou para Búzios. O cenário já não era tão fascinante como outrora, porém gostava do lugar. Sentia-se bem ali, onde vivera o melhor da sua vida.
Hospedou-se na mesma majestosa pousada de sempre.
Fora de carro, pois gostava de dirigir. Fora sozinha. Preferia assim. Preferia curtir seu luto, suas lembranças, suas lágrimas, sozinha.
Acordou cedo afim de apreciar o mar, não entraria nas águas, tinha nojo daquele esgoto a céu aberto.
Antes, tomara o café da manhã, depois de quinze minutos do pedido, bateram na porta, optou tomar café no quarto, um linda suíte dupla, ampla, com uma sala bem decorada, os móveis em carvalho, talhados deixava o ambiente muito aprazível e bem decorado, a mesa, as duas cadeiras pesadas, o pequeno ‘home” no canto bem discreto com uma escultura em cima, o lustre de cristal com luzes especiais, no outro ambiente a bela cama super confortável, coberta com lençóis de seda, macios travesseiros ocupavam boa parte dela, mas neste momento estavam jogados ao chão, dirigiu à porta.
__ Bom dia, senhora, onde coloco a bandeja? – perguntou num tom quase ensaiado, como um perfeito texto de uma peça de teatro.
__ Ali… – apontou, fitando-o.
Tratava-se de um belo rapaz, por volta de vinte anos, um corpo perfeito se escondia sob o uniforme pesado. Os cabelos faziam par perfeitos com os olhos cor de chocolate amargo, a pele bem alva.
Aquele olhar lhe tirou as roupas.
Ao perceber ele deu um belo e puro sorriso, destes sorrisos que seduzem a gente, no entanto se conservou no limite.
__ Mais alguma coisa, senhora? – proferiu já se virando para ir.
Ela não disse nada, fechou a porta.
Sentou-se na mesa e degustou o café. Começou tomando um suco de frutas amarelas com croissant de queijo gorgonzola, pão de queijo com recheio de damasco. A seguir comeu torrada integral com chá de ameixa. E para finalizar um café bem forte. Desprezou o leite, a omelete de presunto Parma e as frutas da temporada, na realidade mastigou algumas uvas.
Foi à praia e lá permaneceu por duas horas observando o vai e vem das pessoas. Quanta gente bonita. A vantagem de Búzios é que o cenário não tinha os menos favorecidos acima do peso com suas perversas crianças correndo para lá e para cá, tipo o litoral do Espírito Santo, estivera lá uma única vez e jamais intencionara voltar.
Na hora do almoço retornou a pousada.
O mesmo jovem lhe servira o almoço. Salada verde de folhas rasgadas, salmão defumado grelhado com ervas finas, arroz com castanhas. Um vinho chileno.
Dessa vez os olhos se encontraram.
__ Mais alguma coisa, senhora? – disse demonstrando certa inquietação.
__ Não precisa de chamar-me de senhora.
Fora o começo de tudo, se apresentaram e naquela mesma noite, muito prudentemente, dera um jeito de entrar naquele quarto sem ser visto.
No primeiro momento não tiveram palavras, tão-somente beijos e abraços calorosos. Mais de meia hora foi assim.
A necessidade de ambos era evidente.
Ele se despiu com afoitamento, com pressa, com fervor, deixando o primoroso corpo disponível. Ela aproximou-se e sentiu o calor da sua pele tenra, saborosa de sentir, beijou-o no pescoço e foi descendo pelo tórax, assoprando levemente, deixando-o com a pele arrepiada, em pouco tempo encontrara seu abdome meio transpirado e sentiu na língua o gosto do prazer, ávida de desejo, encontrou aquele membro exagerado, quente e pulsante – neste cenário permaneceu abundantemente fazendo coisas que nunca fizera em sua vida, causando nele uma sensação magnifica, um gemido que aumentava a cada novo gesto, um quero mais, um pedido incessante de não para… não para… não para… Ele enlouquecia. Quando aquela língua desceu por suas coxas definidas e enfim chegara ao seus belos pés. Adorou ser explorado, degustado e tocado por todo o corpo.
A seguir a virou bruscamente e fez o mesmo turismo.
A boca.
O pescoço. O seios prefeitos. A barriga. A virilha.
Após ser implorado a cessar tudo aquilo, a penetrou com vigor.
E o ato os deixou irracionais. Suor. Sussurros. Murmúrios. Como se nada mais existisse.
Não foi nessa temporada que ela degustara seu luto, suas lembranças, suas lágrimas, nada de solidão.
Aquele jovem a trouxera de volta a vida.
De repente, ela se pegou sorrindo e feliz como há tanto tempo não experimentava.
Foi amor à primeira vista, pois ele e ela não conseguiam parar de pensar um no outro após a entrega daquele café da manhã.
Ela, uma mulher de quarenta anos, agia como ele um jovem de vinte anos, cheio de vida, de empolgação, de sonhos, de alegria. Sem receios. Sem limites. Cheio de impulsos. Apto a explorar as surpresas da vida, sem medo nenhum.
Quanta ousadia ele possuía.
Trouxe-a de volta a vida.

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