Vitrines Da Vida

Saudade de amar

Vive só em um turbilhão de adágios.
De saudade. 
Olhou para trás e percebera que o tempo passou depressa feito ventania de uma tempestade inesperada.  Passou deixando folhas secas na sua vida.
Manhãs enfadonhas.
Tardes deprimentes.
Noites de isolamento.
Averígua onde estará o seu amor. Indaga e não há respostas. Tão-somente a saudade. O desejo que lhe vem sem permissão.
Sente aquele corpo, aquelas mãos, aquele suor e aquele doce cheiro, que lhe inebria. Sente seus lábios quentes lamuriando…
Quem nunca sofreu por amor que atire a primeira pedra. Quem nunca, mesmo sem querer, recordou outros tempos. Estações, ocasiões e momentos perdidos no tempo?
Agora, sozinha, caminhou pela sala bem decorada, por poucos segundos, da janela do décimo oitavo andar contemplou a cidade, os carros e pessoas indo e vindo. A seguir pegou uma bebida, vodca, sua preferida, com um utensílio específico quebrou o gelo, tomou o primeiro gole. No grande espelho mirou sua bela face e seu atraente corpo, ainda estava perfeita, pudera com trinta e poucos anos. Ligou o som e se entregou sem pudor às lembranças.
Como é bom lembrar dos doces momentos já vividos.
Como é bom sofrer pelo amor que não mais está ao seu lado – diga que não gosta.  Diga que não ambiciona encontrar-se naquele pensamento.
Ela mora sozinha, durante o dia se entrega ao trabalho, gerente do segmento Vip de um banco, ali se esquece de tudo e atende seus clientes com um belo sorriso, quem a vê não imagina que nas noites, ela se entrega a saudade. Desde a adolescência usara um escudo para seus dilemas. Vivia sorrir.  Aprendera a curtir e a degustar a saudade.
Vive a mercê das lembranças. Saudade dos romances que vivera, que sempre nos deixa algo bom, basta procurar no âmago. Saudade dos encontros e despedidas. Saudade do desejo perdido.
Saudade de fitar aqueles olhos fortes.
Só conhece o amor e a saudade quem já fora acometido pela paixão, pelo desejo, pelo amor platônico, pelo amor que lhe feriu o coração.
Sente saudade, no entanto não de com ele voltar, sente simplesmente saudade de amar.
Saudade de se entregar.
Saudade de sentir aquela fincada no peito.  A sensação do coração acelerado. O contar os dias e as hora para o encontro.
Coisas que o tempo não nos tira.
O querer saber quem naqueles braços está e tem tudo aquilo que tivemos, outrora.
Os beijos daqueles lábios.
Os carinhos daquelas mãos.
As palavras de amor daquela boca.
Ela vive a solidão e sofre de saudade com felicidade, esses sentimentos a renova a cada novo dia.
Nas chuvas de verão.
No inverno seco.
No outono frio.
Na primavera quente.

1 COMENTÁRIOS

  1. Que delícia de conto, tanto quanto o sabor bem medido ou desmedido da saudade do que se foi mas deixou a poeira do desejo, da vontade do prazer da vida. Amei, como amei um dia, como senti a saudade da paixão que se foi e não voltará. Jamais.

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