VITRINE DA TV - NOVELAS & SÉRIES

Glória Perez, a audácia de uma novelista inovadora

Nesta segunda, dia 27 de novembro estreia no Canal Viva, a novela América,  exibida originalmente entre março e novembro de 2005 na Globo, totalizando 203 capítulos. Nunca houve reprise, a não ser sua disponibilização no Globo Play em abril de 2022. A trama protagonizada por Debora Secco e Murilo Benício ganhou o público, com assuntos como imigração, fé, amor entre iguais, deficiência visual e  rodeios . Na época a crítica como sempre apontou várias falhas no roteiro, mas como eu sempre falo, é impossível uma novela agradar a todos, assim como na vida, na ficção também haverá gente chata, gente ruim, gente sem graça, a ficção pode exceder a coerência e trazer fatos surreais, até mesmo para fugirmos um pouco da realidade.

Glória Perez sabe contar suas histórias com perfeição, é uma das autoras mais autênticas, tendo em vista que escreve a trama sozinha, para quem não sabe Glória não usa colaboradores em suas novelas,  uma audácia, uma coragem que nenhum outro autor tem.

Criar e escrever uma novela é algo muito doido, muito complicado, geralmente o trabalho começa 2, 3 anos antes da estreia, primeiro o autor tem a ideia, depois cria a sinopse com todos seus apetrechos, e só após a emissora aprovar é que começa a labuta da escrita dos capítulos. Tudo na trama é planejado minuciosamente. É quase um trabalho escravo, um trabalho que exige muito de quem o faz.

Travessia foi a 13º novela de Glória Perez que estreou na emissora em 1983 como colaboradora da grande dramaturga Janete Clair, na novela Eu Prometo(1983) a qual terminou de escrever a trama sozinha sob supervisão de Dias Gomes. Em 1984 escreveu Partido Alto, atualmente em reexibição inédita no streaming. Em 1987 fez uma rápida passagem pela TV Manchete onde criou  Carmem. Em 1990 voltou a Globo e reiniciou sua jornada de sucesso, entre grandes novelas, minisséries e série.  Trouxe temas inéditos e que fez o Brasil parar,  Barriga de Aluguel (1990),  De Corpo e Alma (1992), Explode Coração (1995), que apresentou uma importante campanha de utilidade pública, trazendo no final de cada capítulo fotos de crianças desaparecidas, totalizando durante a exibição da novela, 64 crianças encontradas pelos seus pais. Em 1998 escreveu a minissérie Hilda Furação, escreveu alguns episódios do seriado Mulher e o remake de Pecado Capital, obra original de Janete Clair. Em 2001 foi a vez do grande Sucesso O Clone, a autora foi homenageada pela Associação Brasileira de Alcoolismo e Drogas (Abrad) e recebeu o prêmio Personalidade do Ano de 2002, conferido pelo Conselho Estadual Antidrogas (Cead/RJ). Em 2007 a minissérie Amazônia – de Galvez a Chico Mendes. Em 2009 foi merecidamente vencedora do Emmy com  Caminho da Índias, a primeira novela brasileira a ganhar o Emmy Internacional, considerado o Oscar da TV. Em 2012 foi a vez da novela Salve Jorge. Em 2013 fez a supervisão de texto da minissérie O Canto da Sereia e em 2014 escreveu a série Dupla Identidade. Em 2017 trouxe temas inéditos, curiosos e polêmicos na novela A Força do Querer, um grande sucesso na época, reexibida em edição especial durante a pandemia.

Glória Perez mostra a força da mulher em suas obras, mesmo em momentos difíceis se manteve firme em seu trabalho, tentando sempre fazer o melhor e entreter o público, afinal essa é a missão de um bom roteirista, esse profissional está sempre atento a tudo ao seu redor e assim poder contar sempre boas história.

E, isso, Glória Perez sempre fez com categoria.

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