“Tantas vezes preciso ter a ciência de onde estive, porque me perco nos resíduo das horas.”
E o relógio continua batendo…
“Tantas vezes preciso saber quem sou, porque me perco na rotina dos dias ligeiros.
Vivo simulando minhas alegrias. È difícil ficar sozinha aqui na minha solidão.”
E Silvia vive assim na sua solidão há tanto tempo. Deixa passar as melhores coisas de um viver sem perceber que pode ser tão feliz.
Lucas foi seu verdadeiro amor.
Viveram mais de três anos apaixonados.
Mas num dia fúnebre ele partiu – foi habitar outro coração.
Mesmo com uma relação estável e completa, sentia necessidade de respirar outra brisa. Foi o que fez, inesperadamente.
Não houve palavras – de repente sua ausência. Um silêncio profundo. Não atendia o celular, não retornava os recados e o tempo ia passando deixando-a solitária e desesperada.
“Eu te perdi! Sei disso! Somente queria saber o motivo. Nós sempre estamos provando quem somos. Sempre procurando aquela estrela cadente para nos guiar para longe.”
Quantas lágrimas por algo sem solução.
Nem percebia tantos rapazes interessantes e dispostos a amá-la com toda cumplicidade para sempre.
Fechou-se para o mundo.
Trancou o coração e jogou a chave no lixo.
Vive em casa sozinha, lendo os romances de Sidney Sheldon, assistindo os filmes de Almodóvar, escutando os clássicos românticos da MPB. Fantasiando nas novelas todas as noites, tensas…
Escolheu assim!
“Vivo aqui na minha solidão.
No meu quarto frio, no outono seco, de folhas secas espalhadas pelo chão, assim como meus sonhos.”
No inverno tenebroso de frio inconstante – onde me aquecer, se somente me aqueço em seus braços.
No verão escaldante quando estou derrubada e me sentindo deprimida.
Na primavera florida quando estou apagada feito lâmpada queimada.
Eu fecho os olhos e assim posso estar com você
Sou forte…
Pertenço a você – meu amor maior.
Preciso de você até o sol da manhã aparecer fazendo a luz de todos os meus medos apagar. Seco as lágrimas que eu nunca mostrei.
Tira-me da minha solidão.