Vitrines Da Vida

Aquela tarde de amor

Anos se passaram.
Tudo recomeçou com um telefonema. No reencontro um aperto de mão. A seguir estavam numa confortável lanchonete. Tomaram um suco.
O inesperado aconteceria.
Tão naturalmente estavam simplesmente entre quatro paredes. Os lençóis macios. A cama ampla. O cheiro agradável de uma fragrância indefinida. Os olhos tímidos se evitavam, assim talvez, poderiam no dia seguinte agirem como se nada tivesse ocorrido. Aos poucos se despiam… os botões eram desabotoados um a um… revelava os cenários que sonharam por tanto tempo. As bocas se tocaram trêmulas e inseguras. Tudo foi muito nostálgico. Procuraram-se aos poucos. A cena parecia dos antigos filmes românticos, destes que não se produzem mais.
E aos poucos o desejo espontâneo os levou a uma inesquecível tarde de amor.
Cada toque…
Cada beijo…
Cada abraço…
E as bocas murmuravam palavras de amor e gemidos de satisfação. Antes o alinhado quarto tornara-se, agora, desarrumado e testemunhava quanta paixão contida em dois corações. Que ato sedento, na medida da vontade guardada e quase superada pelo tempo.
Conheceram-se no final da adolescência. Tornaram-se amigos. Guardaram uma paixão jamais vencida nos seus destinos diferentes.
Quantos beijos sem sabor?
Quantos orgasmos por impulso e nada mais?
Quantas fantasias?…
Fechavam os olhos e faziam amor, apenas no pensamento. Realizavam-se sozinhos e em muitos momentos, sem maldade, usaram algum corpo, de olhos fechados, para poder mentalizar o corpo do verdadeiro amor – mas ao abri-los se deparavam com a realidade – um corpo… um corpo frio… no intimo imensa sensação de nojo. A vontade era de sair correndo, porém continha, afinal o objeto de prazer nada tinha a ver com a paixão não assumida.
Mas aquela tarde de amor é impossível de descrever. O amor é difícil de definir, imagine então descrevê-lo.
O que ocorreu é que ambos voltaram a se falar todos os dias.
Ouvia seus desabafos, seus sonhos, seus ideais e planos futuros. O interessante que mesmo se amando, nenhum dos dois falaram mais sobre o assunto e sequer sobre o majestoso momento de amor vivido. Guardaram o sabor sentido e sempre que, mesmo sem querer, lembravam, ficavam com água na boca. Quando a saudade apertava se comunicavam no MSN, pelo celular ou se encontravam.
E ela sempre acabava naqueles braços, sempre que o seu amado queria.

COMENTE

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.