A saudade que consome os dias e os torna sem sentido, alarga a cada instante e bate inesperadamente na porta da sua vida.
E vai ocasionando uma dor tão viva.
Saudade que lhe faz sem razão, que lhe traz tormento, que lhe faz impar e lhe traz um mórbido estado de tristeza.
Depois de muito tempo longe dele, sem ao menos se lembrar de que ele existe durante tantas horas que se tornaram meses, veio à saudade. Estava de volta sem aviso prévio, alojou dentro dela sem pedir licença.
As lembranças envolveram sua mente e veio a tempestade.
Perdeu o sono.
Perdeu a vontade de seguir em frente.
Atravessava o trânsito da Avenida Paulista com o som do carro ligado, escutava Shania Twain, sua cantora preferida, com os vidros fechados, para suportar o calor deixava o ar ligado.
Dirigia calmamente, com um nó na garganta e uma lágrima contida. Quando sentia fome, parava em algum restaurante sofisticado como ela e saboreava um leve jantar. Tomava uma dose tripla do uísque, de sua preferência, sem gelo e a seguir jantava sozinha.
A solidão lhe fazia bem.
A solidão se tornou sua melhor companhia.
Adora a solidão, por esse motivo não olhava ao redor, não tinha interesse em se envolver com ninguém.
Para se realizar sexualmente mantinha “relações profissionais” com rapazes de uma casa de massagem para mulheres.
Fora melhor assim, pelo menos não se envolvia com eles, escolhia o que lhe agradasse e se fartava.
Nada de beijos e abraços.
Nada de carinhos.
Somente carícias e o ato bem executado, que a deixava leve e com a sensação de saciedade.
Ela o tocava sem limites, adorava sentir aquele cheiro masculino, adorava apertar aqueles braços fortes, aquele tórax largo, aquele abdômen definido. Adorava apreciar a montanha extensa e perfeita. Subia e descia incansavelmente, até perder as forças, até perder o ar. Até chegar ao ápice.
Depois de tudo isso voltava à solidão, a mesma rotina dos seus dias tão iguais, até o regresso da saudade, que sempre lhe fazia mudar seu rumo e se refugiar nas lembranças de um eterno amor do passado.