Vitrines Da Vida

1º de junho

Foi no Facebook que se conheceram, sem ter nada para fazer visitava os perfis de alguns rapazes e foi numa dessas visitas que se deparou com a foto dele, sem camisa, sorriso interessante, logo o adicionou como amigo.

Na primeira oportunidade puxou assunto com ele através do chat. Foram se revelando pouco a pouco, instigando um encontro que ocorrera na semana seguinte.

Marcaram no café de um shopping.

A ansiedade acompanhou-a nas horas seguintes.

Escolheu um traje casual, nada de decotes ousados, precisava passar boa impressão, afinal era uma moça reservada, com vinte e três anos, adorava curtir a balada com os amigos da faculdade, mas evitava se envolver sentimentalmente com qualquer rapaz desse ambiente, a onda era “ficar”. Após alguns drinques sempre fora impossível se dominar e não ceder ao desejo da pele. No entanto se continha. Nada além disso.

Agora, dava os últimos retoques na maquilagem, conferiu pela última vez seu visual, aprovado.

Saíra mais cedo devido ao trânsito, em plena sexta-feira, tudo se tornava mais complicado.

Dirigiu calmamente, no som do carro, uma canção de Ana Carolina, escutava somente MPB e músicas internacionais, principalmente das décadas de 80 e 90, tempos da boa música, não acatou aos ritmos do momentos, a onda do thu, do tha e toda safra deplorável da música brasileira.

Algum tempo depois, já estava no shopping, caminhou para o lugar marcado, resistindo olhar as vitrines com as últimas tendências da moda, mania de pessoas vaidosas – e consumistas.

De repente, caíra na real do que estava fazendo, após se sentar à mesa e pedir um suco de frutas da temporada, foi despertada pela curiosidade – será que ele é tão bonito e interessante quanto nas fotos. No primeiro momento a aparência é o que importa, ninguém se interessa por alguém que não lhe chame atenção. Depois se afere outros itens importantes para um relacionamento.

Essa curiosidade foi desvendada à seguir.

Estava diante dela, em pé, ela subiu o olhar e encontrou com seus olhos castanhos. Concluiu, era melhor do que nas fotos. O cabelo também castanhos fazia um perfeito par com seus olhos, a pele clara, a boca rosada, o tórax definido, os braços fortes. Sentiu um forte desejo de tocá-lo.

__Olá – disse sem graça, como se seus pensamentos tivessem sido lidos.

Sentou-se ao lado dela.

Pedira um chope sem colarinho.

__É mais…  – iam falar juntos. Ela freou as palavras.

__É mais linda pessoalmente – completou ele.

E falaram sobre quem eram.

O que faziam.

Como viviam.

Os planos.

Os sonhos.

O encontro das bocas sedentas proporcionou o silêncio naquele instante. Quando percebeu já estava naqueles braços. Sendo abraçada, sendo apertada. Como isso lhe fizera bem.

O namoro acontecera naturalmente.

A primeira hora de amor, três meses depois, numa noite de quase final outono e o frio do inverno já dava seus indícios, 1º de junho. Foi tudo tão sensacional. Tão inédito. Tão necessário.

As roupas pelo chão.

Os corpos arrepiados.

Quanto precisão de explodirem juntos.

Atos que se repetem há mais de dois anos incansavelmente.

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