Vitrines Da Vida

Poderíamos

Eles enganaram seus sentimentos.
Nenhum dos dois foi capaz de assumir e cumprir o juramento – ser um do outro.
Ele se casou consequencialmente e ela para se vingar também se envolveu num vago e apressado casamento.

Hoje o verdadeiro amor, em segredo, é uma traição.
Vivem sem motivos.
Vivem tentando se completar.
Vivem tentando amar outra vez.
E o destino sempre os fazem se depararem em alguma ironia da vida.
O amor salta dos olhos feito um raio num céu nublado. A vontade de se entregarem é contida, mesmo sem querer ele percebe a vontade dela. Ela percebe a vontade dele… a corvaceira de ambos os impedem de tantas coisas.
Poderiam de repente, terminarem nos braços um do outro em um quarto qualquer de motel e ali esquecerem os parceiros, esquecerem a tristeza e experimentarem pelo menos uma vez na vida a felicidade de ter nos braços o corpo e o coração do verdadeiro amor.
Poderiam simplesmente, começar com beijos e abraços e deixar com que o desejo profundo invadissem suas razões.
Deveriam tornarem-se descontrolados pela paixão afugentada pela cinzas dos dias, semanas, meses e anos. E as mãos macias dele percorriam o corpo dela quente. Beijaria-a com mansidão. Despiam-se pelas mãos alheias do amor, peça por peça, e cada peça jogada no chão revelaria somente num respirar profundo tudo sufocado pelo tempo.
O ato se estenderia por toda a tarde, nos lençóis macios, pois se encontraram no final da manhã fria, como há anos não acontecia. O corpo quente dele seria o agasalho perfeito e aconchegante.
E se amariam… e quando a exaustão, ficariam amansados nos braços um do outro. O encontro das peles poderia ser algo sublime e marcante para sempre.
Ela por sua vez e na sede sentida, viajaria por toda aquela paisagem bucólica. Começaria pelos pés alvos e bonitos. As pernas seriam tocadas com a boca fazendo um amplo gemido quebrar todo o silêncio. E subiria pela escadaria da redenção. Alcançaria o abdome quente e o tórax belo. As mãos lindas, os braços fortes, num deles a tatuagem de dragão que se estendia até a costa. A barba por fazer. O sorriso sarcástico. No amor não há defeitos. O amor é um sonho que todos querem viver. Se amariam mais uma vez… e mais uma… e mais uma… e mais uma… tantos beijos, tantos abraços, tantas descobertas. Aquela cama seria a única testemunha de tudo.
No final sob o olhar da própria consciência se vestiriam e voltariam as suas rotinas.
Trabalho…
A esposa e o filhos…
O esposo fidelíssimo…
A tristeza embutida…
E o minimo que poderiam fazer é abraçar seus parceiros sem deixar com que percebessem que ao invés de prazer, sentem imensa dor.

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