Vitrines Da Vida

Nos braços do seu amor

Amanheceu sem temor, sem aflição, computando os minutos para revê-lo. Não imaginou que ainda o amava tanto.
Um telefonema trouxera tudo de volta.
Não se viam ou se falavam há anos, portanto nesse período não o esqueceu, simplesmente, afundou os pensamentos em diferentes eventos, mesmo assim, sem querer, sem perceber ansiava esse momento.
Após acordar ficou um pouco na cama, assistiu TV, mexeu no notebook, escutou algumas canções.
E tantas canções o trazia de volta. Podia sentir seu cheiro no ar.
Saíra da cama por volta do meio-dia. Tomara um banho. No closet escolhera um traje básico, se sentou diante do espelho e fez uma leve maquilagem. Um marcante perfume completara o preparo.
Encontraram-se no mesmo lugar.
Almoçaram juntos.
__ Você continua a mesma coisa – disse, ele, gentilmente.
__ É mesmo, acho que não. A gente muda a cada dia – comentou contentada.
__ Como tem passado? Porque sumiu?
__ Querido, não sumi. Você também nem me liga. Eu estou bem – quisera dizer o contrário, descrever a verdade, contar que morreu a cada dia sem ele, que o ama, que perece de saudade. Que nunca o esqueceu, no entanto se reprimiu, afinal já dissera tudo sobre seu amor nos encontros anteriores. Ele estava em outra direção, sempre estivera, não seria diferente nessa ocasião. – E você? Conte-me o que tem feito.
__ Sigo sem novidades, a mesma rotina de sempre. Continuo casado.
__ Já são dez anos, hein?
__ Nossa, isso tudo?
__ Sim, faça as contas. Lembro quando a conheceu.
E lembra mesmo, recorda que naquele instante perdera eternamente o amor de sua vida. Perdera a batalha, isso doeu tanto, foi dor demais.
__ É, tem razão – concordou pensativo.
__ Depois de dez anos tudo continua igual. Você a trai? – queria na realidade saber de tudo, se conteve novamente.
Ele não respondeu. Sorriu.
Saíram do bistrô…
Algum tempo depois aquele abraço forte a dominava, revirava sua cabeça, como era bom amá-lo.
O mundo poderia acabar naquele exato instante, mas ela morreria como sonhara durante quase toda sua vida, nos braços do seu amor.
O primeiro beijo da tarde sugira tímido, assim como o despir dela e dele. Na cama daquele requintado hotel as pele se encontraram. As bocas quentes se beijavam com fome e desejo. As mãos atrevidas perderam os limites. Percorriam sem receio os corpos arrepiados, insanos de prazer.
Cada toque, cada suspiro, cada afago os deixavam realizados, tudo em silêncio.
Ninguém dizia nada – nem eu.
Entrou nela com vontade e fugacidade, fora uma viagem esplêndida, perfeita.
E cada encontro desse lhe traz tantas coisas boas, lhe faz mais viva, mais feliz, mesmo que seja uma só vez por ano.

 

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