Vitrines Da Vida

Na distância

Foi escutando uma canção que se lembrou dela.
E esse lembrar lhe trouxe arrependimento por não ter correspondido aquele amor. Tudo acontecera há tanto, embora pareça que foi ontem.
Não pôde se entregar, pois estava envolvido com alguém que não era nada do que queria.
O sentimento por ela o pegou tão de surpresa que lhe deixou com um temor inexplicável, nunca sentira tanto medo durante toda sua vida.
Percebeu que mesmo distante ela está presente na sua história e na sua mente. Nos momentos de solidão a sente ao seu lado, na sua cama, no vazio do seu quarto.
Agora, vive imensa saudade.
Vontade de escutar a sua voz.
De beijá-la e abraça-la fortemente.
De entrar dentro dela com mansidão e com amor, como sonhara durante todos esses anos – cinco anos.
Ah, se pudesse voltar no tempo.
Ela também vive na saudade. Fez tudo para conquistá-lo, se tivesse insistido mais, hoje estariam juntos e felizes, ou quem sabe não, já que o casamento enferruja os sentimentos, consome o desejo e transforma o amor em um sentimento acomodado sem classificação.
Nos dias nublados do outono por intuição pensam juntos um no outro. O pesar bate na porta do coração dele e dela.
O pesar da distância que se alastrou entre eles.
No mesmo minuto a saudade vem sem explicação.
Essa situação jamais poderá ser resolvida se um deles não tomar coragem de refazer a trajetória, esse amor vai ser arquivado definitivamente e transformado apenas em uma lembrança.
E assim muitos que se amaram vão vivendo.
Como loucos.
De ilusão.
Na distância.
Um dia após o outro vão achando argumentos para escapar daquilo que não foram capazes de assumir, de arriscar.
Numa manhã fria ela acordou com o vibrar do celular.
Era ele convidando-a para jantar.

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