Seus olhos vigilantes não se enganaram, dessa vez, quisera estar enganada. Quisera que sua intuição não passasse de devaneio.
Foi verdade.
Na hora exata do fato sentira uma pontada no peito.
Ele não resistiu aos encantos alheios, no casamento o maior desafio é não ceder ao sexo oferecido gratuitamente em cada local, a traiu sem consideração, sem consciência pesada. Com requinte de falsidade.
Não houve beijos, porém ocorrera uma transa que o fez explodir como não ocorrera há tempos.
Explodiu exageradamente.
Ao chegar em casa deparou-se com ela no quarto assistindo televisão. Passou depressa tentando esconder seu pecado.
Foi direto para o banheiro e tomou um longo banho na intenção de se limpar para sua amada.
De nada adiantou.
O cheiro da traição causa desgosto.
O cheiro da traição é pior do que cheiro de mofo.
O cheiro da traição não pode ser camuflado.
Impregna, causa uma forte alergia.
Do banheiro foi direto para lavanderia e jogou suas roupas na máquina de lavar – tinha que eliminar os vestígios do seu desejo não contido.
Ela percebeu tudo. Alguns minutos depois foi até a lavadora, revirou suas roupas e viu na peça íntima dele a prova que o condenou. Deu tempo de a prova não se eliminada.
Não disse nada.
Para concretizar sua percepção, voltou ao quarto, o beijou – sentiu o gosto amargo da traição.
Abraçou-o e sentiu-se nos braços mais frios que já se aconchegou em toda sua vida.
Tirou-lhe as roupas e percorreu por aquele corpo imundo.
Ele tentou fazer tudo para acender seu desejo, no entanto não foi possível, seu gozo do final de tarde o deixou satisfeito demais.
Não houve êxito nessa relação.
Aos poucos ela foi caindo na real, mesmo em silêncio, pensava “eu sei o que você neste final de tarde”.
Fingir naquele momento a fortaleceu tanto que, no entanto nem ela sabe o quanto. Tornou-se pronta para o fim.
Seu sentimento levara um tiro, deixando-a em coma profundo.
Agora, resta esperar a morte chegar.