Vitrines Da Vida

Eu não estava feliz

Completara mais de dez anos de casamento.
Sua vida sempre fora perturbada.
Criada por uma avó severa, infelizmente ainda na adolescência engravidou.
Fora obrigada a casar-se com um jovem da mesma idade, dezessete anos. Casou-se somente para sair de casa, em menos de um ano, foi viver a sua vida.
Ser mãe adolescente foi tarefa árdua, impediu-a, de viver, tantos sonhos, tantas descobertas, teve que abrir mão de tantas coisas.
Ela não foi reprovada nessa etapa.
Algum tempo depois, conheceu um homem que se apaixonou demais por ela, assumiu-a com a criança.
Teve por ela muito respeito.
Cuidava dela com afinco o tempo todo.
Aquela criança tornou-se sua filha, pois vivera todas as emoções de cada fase.
Os primeiros passos…
As primeiras palavras.
Não casaram conforme manda a lei, mas viviam como marido e mulher.
Anos de convivência.
Quantos obstáculos.
Quantas situações difíceis venceram juntos.
Ela sempre fora bela, belíssima.
E próximo aos trinta anos a beleza destacava, mais e mais, a cada dia.
Seu corpo delineado, sua face perfeita, cabelos invejáveis.
Enfim, uma linda mulher.
O tempo foi cruel com o amor que sentia e foi cessando ele, assim tipo poeira em dia de chuva.
Ela conheceu outra pessoa que lhe tirou o ar.
Foi inevitável a entrega.
O primeiro contato tímido, a insegurança e o medo em ferir alguém tão querido como o companheiro, alguém que se tornou mais que um amigo.
Alguém que atravessou com ela tantas tempestades, que enxugou suas lágrimas, que a carregou no colo quando faltava-lhe forças para prosseguir.
Que dilema viveu para tomar uma decisão.
“Eu não estava feliz” – declarava com um nó na garganta e com uma pontada de medo no coração.
“Tenho-o como amigo” – diz a si mesma, tentando esconder o desejo que surge, as lembranças das quentes noites de amor.
Segue sorrindo ao lado do novo amor.
Segue tentando apagar a tatuagem das marcas invisíveis daquelas mãos que a levou em lugares impossíveis esquecer.

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