VITRINE DA TV - NOVELAS & SÉRIES

Entrevista com Alessandro Marson, autor da novela Elas por Elas

No ar com o remake da novela Elas Por Elas,  o dramaturgo Alessandro Marson em coautoria com Thereza Falcão,  está contando uma história agradável de se assistir. Uma novela leve, atual e com ingredientes que um bom folhetim deve ter.

Na minha opinião vale muito a pena ver.

Alessandro Marson está nesse novo time de novelistas da Globo e vem se destacando mais e mais na arte de escrever novelas.  Alessandro foi colaborador de  O Sítio Do Picapau Amarelo (2001/2007), Sob Nova Direção (2004/2007), Malhação (2007), O Profeta (2007), Desejo Proibido(2007/2008), Cama de Gato (2009/2010), Cordel Encantado (2011) e assinou a coautoria de Novo Mundo (2017) e Nos Tempos do Imperador (2021/2022), eleita pela  APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) a melhor novela de 2021.

 

A nova versão de Elas Por Elas tem como protagonistas: Deborah Secco, Késia Estácio, Isabel Teixeira, Thalita Carauta, Mariana Santos, Karine Teles, Maria Clara Spinelli e Lázaro Ramos que viverá o inesquecível Mario Fofoca.

Antes da estreia eu conversei com o autor que me contou com exclusividade algumas curiosidades sobre a  novela das 6 da Globo.

 

Cassiano Gabus Mendes foi um mestre da dramaturgia brasileira nas décadas de 80, 90, qual a sensação de escrever a nova versão de uma obra dele?

 

O Cassiano foi acima de tudo um homem de televisão. Ele foi um showrunner antes da gente saber o que era um showrunner. Fez de tudo, é um dos pioneiros e um exímio conhecedor do veículo. Escrever novelas foi mais uma das suas atividades e ele foi absolutamente brilhante fazendo isso. Anjo Mau, Elas Por Elas, Tititi, Que Rei Sou Eu?, Brega & Chique e tantas outras comprovam sua genialidade. Então, rever e recontar uma obra criada por ele é uma responsabilidade gigantesca. É assustador, desafiador e muito estimulante. Uma das nossas maiores aflições foi mandar os capítulos escritos pro Cássio Gabus Mendes ler, imaginar o que ele, como filho do autor, iria achar da nossa releitura. Foi bem tenso! Felizmente o Cássio foi bastante generoso; nos disse palavras tão bonitas… Nos fez acreditar ainda mais no caminho que estávamos traçando.

 

O que podemos esperar do remake de Elas Por Elas?

 

Estamos trabalhando para manter o espírito da obra original: uma comédia inteligente, elegante, ágil e divertida. Elas Por Elas é uma novela classuda sem ser pretenciosa. Tem personagens marcantes, uma trama envolvente contada num ritmo intenso. Trabalha com multiprotagonismo, então temos sete mulheres que irão contar essa história juntas e quando elas se juntam a mágica acontece. As sete tem que emplacar, tem que causar empatia e despertar o interesse do público. É essa a nossa expectativa e nossa missão.

 

Como surgiu a ideia ou convite para fazer essa releitura?

 

Foi uma escolha nada técnica. Recontar Elas Por Elas um desejo muito antigo meu. Essa foi a novela que me fez gostar de novelas, então, tenho um grande carinho por ela e fazer essa releitura era um dos meus sonhos profissionais. A Thereza Falcão embarcou nessa viagem comigo, felizmente!! Trabalhamos bastante na sinopse, apresentamos, ela foi aprovada e entrou em produção. Foi o processo normal. Autores apresentam uma ideia, ela é avaliada e aprovada pela empresa. Saíram muitas matérias dizendo que foi uma “encomenda” da Globo, que devido ao sucesso de Pantanal a Globo resolver apostar no remake. Não é verdade. Adoraria ficar em casa esperando que a Globo me encomendasse novelas, que alguém me ligasse e dissesse: o horário é seu, faça a novela. Mas na vida real, para se ter uma novela aprovada nós, autores, precisamos trabalhar bastante. Fazer uma novela é difícil desde o início. E o trabalho insano só acaba quando o último capítulo é exibido.

 

Quais as atualizações foram feitas na obra?

 

Muitas! O mundo de 2023 é um lugar diferente do mundo de 1982.  Consequentemente as pessoas que o habitam também são outras. As mulheres da década de 80 do século passado não eram tão multitarefas como as de hoje. Só para dar um exemplo, a Helena/82, apesar de autoritária, ficava em casa e o marido tocava os negócios. A Helena/23 é a presidente da empresa e o marido é seu empregado. Fazer essas alterações que eram absolutamente necessárias para se contar aquela história hoje fizeram com que as personagens passassem por mudanças de perfil, de atitudes e por isso seus arcos narrativos precisaram passar por readequações.

Como foi a escolha das protagonistas?

 

Algumas foram convidadas e outras fizeram testes. Precisávamos encontrar atrizes que transitassem bem entre o drama e a comédia, além de mulheres com personalidades marcantes, que trouxessem esta grife pessoal para as personagens. Também tivemos o cuidado de escalar atrizes que dessem match entre si. Para essa história acontecer o público precisa comprar que há intimidade entre essas sete, que elas são amigas e que se conhecem há mais de vinte e cinco anos. Estamos muito honrados e orgulhosos pelo elenco que reunimos. Além das sete protagonistas: Deborah, Késia, Isabel, Thalita, Maria Clara, Karine e Mariana, temos um elenco majestoso, grandes atores e atrizes que vão proporcionar entretenimento da mais alta categoria. Poderíamos citar vários nomes, mas seria injusto, pois são tantos e tão bons profissionais e não há espaço para listar todos eles.  Mesmo assim é necessário falar do Lázaro Ramos. Não conseguíamos pensar em outra pessoa para dar vida ao Mário Fofoca. Ter um ator do talento, da criatividade, do carisma e da potência dele vivendo este personagem é o melhor dos mundos. Estamos mais do que satisfeitos com nosso time.

 

Porque foi escolhida uma mulher trans para viver uma das protagonista? A personagem será trans?

 

Devolvo a pergunta: por que não escolher uma mulher trans pra viver uma das protagonistas? E, sim, a personagem é uma mulher trans. Mas essa característica não define inteiramente a Renée. Todos nós somos muito maiores e mais complexos do que nosso gênero, nosso desejo, nossa sexualidade, nossa profissão, nossa etnia, nossa nacionalidade, nossa ancestralidade: somos a junção de tudo isso habitando em nosso corpo, pensando com nossa mente, sentindo com nossa alma. Ser trans ou cis  é apenas uma característica das pessoas, mas não “é” a pessoa. Renée é uma mulher com valores, conflitos, sonhos, expectativas, alegrias, frustrações, ambições, paixões, é uma mulher completa, intensa e apaixonante. Mãe, esposa, irmã, amiga, profissional… Tentar reduzi-la a uma única característica seria frustrante para todos os envolvidos no processo e também para o público. E Maria Clara Spinelli é uma atriz que é muitas coisas. Uma atriz talentosa. Uma atriz dedicada. Uma atriz profissional. Uma atriz carismática. Uma atriz responsável. Uma atriz consciente. Uma atriz ponto final.

 

Como foi o processo de escolha da atualizações de alguns nomes dos personagens?

 

Alguns nomes soavam anacrônicos, o que é normal, já que eram nomes de pessoas que hoje estariam na faixa dos 80 a 90 anos. Então, decidimos alterá-los, adequá-los a mulheres que hoje estariam entre 40 e 50 anos que é a faixa etária das nossas protagonistas. Pensamos em nomes que combinassem com as personas. Mas essas são escolhas empíricas. Batizar personagens tem muito a ver com o universo e a história de vida de cada autor. Um nome específico pode lembrar algo agradável ou desagradável para alguém e não querer dizer nada para outra pessoa.

 

Você pode dar um spoiler da trilha sonora?

 

Estamos trabalhando numa linha de músicas populares, conhecidas, com pegada e que contagiem. A música de abertura será a mesma da novela original: “Coisas da Vida”, dos Fevers, (que depois de ser tema da novela foi rebatizada de “Elas Por Elas”) mas regravada. É possível que algumas músicas da trilha original estejam presentes também. Mas a trilha não está definida ainda, essa escolha depende de muitos fatores.

 

Me fala um pouco sobre a equipe de colaboradores que estão trabalhando com você.

 

A novela é uma releitura da obra criada por Cassiano Gabus Mendes, assinada por Thereza Falcão e por mim. Nossa equipe de autores-colaboradores é formada por Letícia Mey, Wendell Bendelack, Dino Cantelli, Carol Santos. Hela Santana é nossa consultora e a nossa pesquisadora é a Leusa Araújo.

 

Deixe uma mensagem para o seus fãs e para os leitores dessa coluna?

 

Estamos trabalhando para fazer uma novela linda, divertida, alegre, solar. Esperamos que vocês gostem do nosso trabalho da mesma maneira que estamos gostando de fazê-lo. Desde que a releitura de Elas Por Elas foi anunciada temos recebido muitas mensagens de pessoas que estão ansiosas para ver ou para rever a novela. Estamos trabalhando muito para estarmos à altura de todas as expectativas. Pra quem torce a favor, pra quem vibra positivo, pra quem está do nosso lado, muito obrigado!

 

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