Vitrines Da Vida

Foi tudo tão depressa

Fitava-a intensamente, a ponto de deixá-la sem graça, afinal estavam num restaurante no final do horário de almoço.
Aquele olhar lhe causou um arrepio na pele, uma pontada no coração, ele tinha os ingredientes que chamava atenção, a cor, os olhos – tudo muito bem desenhado.
Após tantas trocas de olhares ele encaminhou ao toalete, alguns minutos depois ela fez o mesmo, o toalete masculino e o feminino ficavam em um corredor discreto e as portas davam de frente uma para outra, antes dela adentrar o feminino, ele a puxou bruscamente e a beijou com desejo, não deu tempo dela dizer nada.
Pega de surpresa correspondeu aquele saboroso beijo.
_ Seu louco, me deixa sair, por favor – disse respirando ofegantemente.
_ Não deixo de jeito nenhum – e agarrou-a de novo.
Ela suava frio de desejo e de medo.
_ Fique tranquila, nesse horário ninguém vai bater na porta.
_ E o segurança?
Não houve resposta. Sua boca foi calada, de novo, com um beijo como nunca recebera durante toda sua vida.
E foram tantas carícias ousadas.
As línguas percorriam os corpos, ali em pé – imagine um lavabo simples, assim era o local.
Ele não conseguiu segurar a vontade e explodiu, apenas sufocando o grito de libertação.
Foi tudo tão depressa, tão aventurado.
Ela saiu imediatamente com medo de ser vista, porém o esperou.
_ Qual seu nome?
_ Lucas – disse com um sorriso lindo, já lavando as mãos.
Em seguida se afastou, sem ao menos perguntar seu nome.
O que ocorreu foi que ela não entendeu nada, pudera, pois não entendera a própria atitude.
Sempre fora uma mulher recatada, mulher de família conservadora, claro que seus namoros são bem modernos, porém nunca fora para cama no primeiro mês, uma regra que criou na intenção de afagar sua moral e ficar de bem com a sociedade.
Nos dias seguintes seus pensamentos se voltaram para aquele homem, jamais sentira algo assim por alguém.
“ Já que o toquei onde não devia, eu tinha que ter lhe dado meu número de celular. Que ódio de mim.”
E pensava nele nas noites e nos dias tristes em que a paixão invadiu seu viver.
Passados mais de seis meses ela ainda almoçava no mesmo restaurante todos os dias na esperança de se deparar com ele e realizar seu guardado desejo.
Já planejara tudo.
“Vou me entregar sem pudor, sem medo, ali mesmo dentro do lavado. Esquecerei o segurança, as pessoas, minha reputação.”
Algumas semanas depois ao voltear a cabeça pelo restaurante deparou-se com ele almoçando tranquilamente.

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