Vitrines Da Vida

Com juros abusivos

Sempre estava lá cuidando da vida alheia. Mesmo quando não podia.
No seu intimo sabia que não era tão certa e tão pura como se julgava.
Mas as falhas alheias lhe serviam de armas.
Seus erros e seus falsos conceitos mantêm a sete chaves.
Dizem por ai que as pessoas sempre pagam língua, e se isso for verdade, então, Luzia pagou com juros abusivos.
Tudo que abominava ela passava.
Abominações que vinham feito tiros de canhão num campo de batalha.
E ela nem bem se levanta, lá vinha mais um ataque do destino.
Destino cruel – lamenta Luzia.
Mulher que cresceu sem amor dos pais, libertou-se cedo para sobreviver.
Fez da sua vida uma cortina de ilusões. Queria sempre manipular as situações.
Temia o que falariam dela.
E se eu fizer isso…?
E se eu fizer aquilo…?
Sua máscara nunca caiu diante da sociedade.
No entanto, sabia bem de seus fracassos.
Passou viver de aparências.
Tenta enganar a si mesma.
Geme de dor nas noites de insônia.
Teme a língua – deveria ter temido seus julgamentos.
Guarda no coração magoa, tristeza e uma sensação terrível de solidão, pois vive a driblar o tempo para manter suas mentiras, situações que inventou para encobrir suas falhas.
Bem sucedida financeiramente.
Falsa esposa.
Péssima mãe.
Vai vivendo tentando entender sua defasada vivência.
Nada resolve seus conflitos.
Já fez terapia. Mudou de cidade. Tentou mudar o jeito de ser, porém não conseguiu por muito tempo, afinal, não é atriz para fazer uma boa interpretação.
Fez tudo que podia.
Mas nada solucionou a colheita – resultado de sua língua amolada.

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