Tinha que haver mais sentimento.
Mas aquele amor transluzia em momentos de desejo, nada além.
O tempo ia passando…
E nada novo acontecia.
Pouco a pouco o tédio invadia as mentes vazias tipo enxurrada em demasiada tempestade.
Não acreditava que um dia ela iria dizer adeus.
“O amor não pode ser a razão da vida” – trazia esse pensamento há dias.
De tudo tentara para evitar a despedida.
Agora, se punha a chorar por dentro.
A noite chegava sem estrelas.
Noite fria…
Ela sentia-se igual uma indigente jogada ao relento nas esquinas das desilusões.
Indagava-se: valeria a pena mais uma desgastante conversa – se no final tudo terminava em uma agradável hora de sexo.
Um preventivo para a necessária separação.
Contavam histórias.
Falavam de amores, promessas, desenganos.
Das vezes que chorou e ele sequer percebeu.
“De que adianta ser amanhã apenas aquela que você amou?”
“Não o quero puro.”
“Não o quero mais.”
Decidiu disposta a não recuar.
Congelaria a alma.
Aqueceria enroscada no calor de seu próprio corpo.
“Serei apenas a mulher que você tanto amou.”
Recordou o começo.
Ao fecharem a porta tudo se transformava.
Beijos trocados.
Roupas pelo chão.
No final do ato – a exaustão e satisfação.
Porém toda a magia do sentimento foi desvendada pelos desacordos da vida.
Não se entendiam.
Ele gostava de azul, ela de branco e por ai foi a situação…
Dizem que os opostos se atraem – será?
Calavam-se no vazio de seus mundos tão irreais.
Quando amor acaba não existe remédio.
Quem dera existisse uma vacina contra o fim do amor.
Mas não existe, e o amor acaba…
O mar se torna calmo. Absurdos reais. Horas infelizes.
Enfim a temida partida…
Lágrimas vertidas. Corações amedrontados.
Ele ainda argumenta.
“Podemos resolver amanhã de manhã.”
Envolvia-a em seus braços.
Uma desordem nos âmagos desiludidos.
A chama se apagou.
O café esfriou…
Não tinham mais razões para se completarem.