Vitrines Da Vida

Condomínio fechado

O local é viçoso.
A grama verde, as árvores espalhadas pelo belo campo.
Embora toda essa beleza, o cheiro fúnebre está o tempo todo no ar.
Quantas lágrimas sofridas.
Um condomínio fechado.
Quem vai morar ali não sai jamais.
E todos os dias diante de familiares e amigos alguém se muda para lá.
A última morada.
Quando a morte o abraça.
Quando a morte o livra do sofrimento, da escravidão, do peso da idade.
O ritual é sempre o mesmo.
A entrega do corpo.
A ladainha, que é mais dolorida do que a própria partida.
Um alguém tenta amenizar a dor com palavras confortantes.
“Fulano está nos braços de Deus” – afirma sem ao menos saber a vivência desse ser.
Horas e horas um corpo sem vida fitado por dezenas de pessoas.
A decoração – coroas de flores com frases de saudade.
Tudo é muito repetitivo.
O começo, o meio e o fim.
A chegada do corpo.
As lágrimas.
O fechamento da urna.
O enterro.
A última imagem guardada de quem parte, de quem já cumpriu sua missão.

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