Andou na chuva com a intenção de que sua tristeza fosse levada na enxurrada.
Nunca sentira tão infeliz em toda sua vida como sentia agora.
Sua trajetória era um filme. Um romance mal resolvido. Uma vida sem êxito algum.
Teve vontade de sair correndo, todavia nem isso poderia fazer, pois não tinha pra onde ir, “tantos lugares, tantos amigos e eu sem ter pra onde ir”.
Continuou debaixo da chuva fria.
Eu sempre precisei de você, do seu amor, do seu carinho, do seu abraço, das suas carícias, sempre precisei da sua presença, mas isso sucessivamente me foi negado por você, mesmo sem saber se recusou a me fazer feliz.
Hoje sou só lamúria.
Lamento sua ausência.
Queixo não lhe ter tão-somente por um momento.
O azul do céu não foi mais azul, desde que o conheci.
Você nunca se importou com meu sentimento.
Jamais quis ser meu.
Como dói não ser sua, como dói.
Como dói não lhe ter ao meu lado, ah que desilusão, que decepção com a vida.
O tempo foi meu inimigo, passou sem me dar a oportunidade de ordenar minha vida, de me refazer, de me restaurar quanto a definição do amor.
Mas na vida é assim, nem tudo que queremos, teremos.
Nem tudo que sonhamos se realizará.
Quantos almejos perdidos.
Na neblina.
No passar das horas.
Tudo passou, mas meu amor por você não.
Tudo está tão diferente, entretanto no meu coração o bater é o mesmo da década passada.
Como dói.
Não tê-lo dói exageradamente.
O destino fora cruel.
E tantos planos meus foram jogados pelo chão e pisados pelo tempo.
Agora, depois do passar dos anos me resta uma dor tão forte no coração.
Dor na alma. Âmago vazio.
Amor platônico machuca tanto.
Dilacera tudo.
O que resta é um nó no peito.
Uma lágrima contida.
Jamais pensei que pudesse amar alguém que ignorou meu sentimento.
Meus sonhos.

Ao atravessar a rua sem perceber um ônibus a jogou longe, acabando assim com toda sua angústia.