Vitrines Da Vida

Sombra da saudade

Aquele amor repentino tornou-se uma esfinge. Sempre que o avistava experimentava um palpitar no peito.
Tinha todos os traços que ela sonhava. Vinte e um anos, corpo vigoroso, pele bem clara, dentes perfeitos, boca rosada, braços fortes.
Numa conversa revelou – meu esporte preferido é jogar bola.
Um homem formoso que além da beleza acordava o desejo de quem admirasse seus olhos castanhos bem claros.
Quem será esse homem? O que faz? Como é sua vida?
Consumia-se com essas indagações. Suas conversas e seus contatos acorriam somente no local onde ele trabalhava. Um batente comum, pouco demais para a dimensão de sua beleza e caráter.
Carregava a certeza – ele tem tudo que sonho ter.
Extensas fantasias a dominava.
Coisas que um dia previu…
Mundos díspares.
Ele com os olhos cheios de esperanças. Olhos de uma cor que ninguém possui.
Sempre fora variante. Nunca amara genuinamente, agora estava deslumbrada por alguém que unicamente sabia o nome.
Calculava as horas para vê-lo.
Voltava-se para ela com alta atenção. Seu sorriso iluminava-a o íntimo.
Debelava o anseio de confessar, de dizer – eu te amo… te quero! Estou apaixonada por você… seja meu amante, seja meu amor.
E para estar perto dele, todos os dias, ia tomar um suco. Algo que virou um cerimonial. “Quem sabe assim ele percebe minhas intenções”.
E foi o que aconteceu.
Numa oportunidade chamou-o para tomar um drinque.
A noite fora promissora.
Falaram de suas vidas. Quantas revelações. Sua espera acabara – preciso saber quem é você…
E soube tantas coisas.
Trafegou por todo aquele alvo corpo. Sentiu o abraço naqueles braços fortes. Absorveu seu cheiro. Provou o gosto de seu beijo. Experimentou o toque daquelas mãos mágicas. Quanta paixão sentiu! Foi dominada! Perdeu a razão! Entregou-se sem limitações. Teve a certeza do amor sentido.
Ah como te desejei – sussurrou entre gemidos, agrados, beijos e abraços.
Foi penetrada com grande perfeição, algo que a deixou com a impressão – como este homem sabia ter relações com uma mulher.
Adivinhava suas vontades. Os toques exatos.
Quisera essa noite fosse eternal…
Quisera tê-lo pelo resto da vida.
Entretanto fora singular este episódio.
Preservara na sombra da noite, sombra da solidão. Sombra da saudade.
Dizem – o que não se experimenta, nunca sentirá falta.
Ela carrega um arrependimento:
“Antes não tivesse tido-o naquela louca noite”.
Eles seguiram suas vidas…
Caminhos tão desiguais…

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