Vitrines Da Vida

A melhor saudade

Depois de muito tempo se encontrou com ele, antes disso sofreu de saudade, demasiadamente.
No dia do encontro se sentiu apreensiva, com um nó na garganta. Iriam almoçar juntos. Dia de inverno, mas o temperatura estava quente, vestiu uma roupa bem casual, da moda, fez uma leve maquilagem e foi para o local.
Escolheram um bom restaurante da região sul da cidade. Enquanto o aguardava, tomava uma água mineral do sul da Noruega com gelo e folhas de hortelã. Conferia sem querer a todo instante a hora no celular e navegava numa rede social atualizando seus status.
“Em um momento muito importante e especial.” escreveu no mural.
Ele foi um sentimento que surgira há tantos anos. Um namoro que não dera em nada, porém impossível esquecer – amor, paixão e desejo misturados, fora agudo demais.
E nessa época se amaram muito, no entanto um dia a canção de amor parou de tocar e cada um seguiu seu caminho.
Foi um relacionamento maduro, não houveram mágoas nem traições, simplesmente decidiram que não mais se envolveriam a partir daquele momento, também não houvera despedida, lágrimas e nem lamentos.
Certa manhã verificando a agenda do celular, parou os olhos no número dele e resolveu ligar. Ouvir aquela voz lhe fez tão bem. Trouxe de volta tudo que não deveria trazer.
Foi cobrada – nossa, você anda muito sumida.
Usou a desculpa que a maioria das pessoas usam, sem perceber – é falta tempo. O tempo está passando tão depressa.
Ele entrou no local e logo a encontrou em uma mesa, numa posição bem discreta.
Caminhou até lá.
Ao vê-lo sentiu o coração disparar, uma pontada tão gostosa.
Um abraço tão bom.
O beijo foi inevitável.
Conversaram sobre tantas coisas. Quantas novidades. Quantas lembranças.
Almoçaram um cardápio sofisticado.
Ela sentia-se feliz ao seu lado. Queria ser dele, apesar da aceitação do fim e da saudade que impregna em sua vida – ele é a melhor lembrança. A melhor saudade.
E passaram a tarde juntos numa suíte de motel.
Assim que a porta se fechou. Os beijos se tornavam ofegantes, necessários e regiam toda a orquestra que estava prestes a fazer um espetáculo de amor.
O abraço demorado. As roupas pelo chão. O encontro das peles. Ela sentiu aquela pele alva, macia, se inebriou naquele cheiro.
Os murmúrios quebravam o silêncio.
O ato de amor se repetiu por tantas vezes naquela tarde inesquecível.
Portanto chegara a hora de voltarem para casa.
Para suas rotinas.
Para seus cônjuges.
Para a saudade que sentem um do outro e disfarçam bem para ninguém perceber.
O cheiro ficaria nas peles carentes por tanto tempo, mas o suficiente até a próxima temporada.
 
 
 

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