Vitrines Da Vida

Palavras virtuais

Nos últimos dias do inverno a temperatura permanecia alta, há anos na região sudeste do país, as pessoas não necessitam de casacos ou qualquer roupa de frio.
Os dias mais frios chegaram no mínimo a quatorze graus, ou seja nada de experimentar aquele frio gostoso como antigamente. Ele vivia no sul e ela no sudeste…
Conheceram-se por acaso no Orkut. Trocaram MSN e começaram a se apreciar melhor. Todos os dias estavam digitando palavras de carinhos, sonhos e desejos.
Logo estavam apaixonados.
Apaixonados por palavras e nada mais.
A internet faz parte das nossas vidas. O número de pessoas navegando mensalmente em residências dobrou em três anos e alcançou a marca inédita de 37,3 milhões. Estatísticas revelam que os jovens entre dezesseis e vinte e quatro anos tratam principalmente de assuntos particulares, e fazem dali seu convívio social.
Lideram o ranking a troca de mensagens instantâneas e o envio de e-mails. Os sites de relacionamentos, blogs, listas de discussões e fóruns, ficam em segundo lugar e por último vem as pesquisas escolares.
O sexo virtual é tratado de maneira segura nas salas de bate papo. As listas de pornografias vão ao topo.
Diante disso tudo fica questionada a sentença: se a internet é boa ou demoníaca para população, principalmente para os jovens. A tecnologia não veio do céu ou do inferno, surgiu na evolução da inteligência do ser humano.
E é na internet que se criam fantasias. Você pode ser o personagem que quiser naquele submundo.
Assim eles passaram meses trocando palavras virtuais… de promessas, amor, carinho, cumplicidade e sexo. Chegaram até sentir um frio no peito ao digitar cada palavra. Na webcan se exibiam. Uma certeza tinham: as imagens eram verdadeiras e não fakes criados para esconder tantas coisas.
Um dia ele se cansou, possivelmente arrumara outro brinquedo mais interessante. Ela sentiu um vazio idiota no coração. Afinal apaixonou-se por uma imagem. Apaixonou-se por frases simplesmente.
Cansada de toda aquela utopia, pegou o notebook e atirou contra parede, antes que o fogo se alastrasse, correu ao banheiro encheu um balde d’água e apagou o fogo juntamente com a falsa chama da paixão mantida durante determinado tempo.
Sentiu-se boba…
Sentiu-se uma criança.
Quanto tempo perdido!
Quantas palavras mencionadas exclusivamente para acariciar a solidão que existiam naquelas vidas.

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