Vitrines Da Vida

Uma noite de prazer

Dia tedioso.

Assim o fastio voejava sob uma atmosfera densa de fumaça de cigarro dentro do quarto escuro com paredes desenhadas com mulheres nuas.

Usava um velho tênis como cinzeiro, cigarros já tinha fumado uns vinte, prestes a abrir outro maço.

Solidão e vazio, nada fazia sentido, suicídio não era alternativa, pois tinha pavor da ideia de sentir dor…

Ninguém me liga – pensou.

Resolveu se masturbar para passar tempo, tentava pensar em algo, algo que lhe provocasse, que lhe instigasse, algo que lhe desse prazer, mas não conseguia, pudera na noite anterior tinha tido uma transa casual com alguém que conhecera num bar, talvez por isso não estivesse com tesão necessário para gozar de forma autossuficiente.

Resolveu colocar um velho vinil que pertencia a sua mãe, era um disco da Ichiuji-Ramone, começou a tocar Manhunt, pensou que seu humor poderia mudar por se tratar de uma música animada.

Não tinha mais ninguém em casa.

Gritava – Quero que algo aconteça!

Mesmo que fosse algo bom ou algo ruim, só queria que sua vida tivesse um pouco de ação.

Sem nada para fazer, vestiu um velho moletom. Fechou suas cortinas pretas e se deitou em sua cama, em pleno e mórbido silêncio.

Tudo cheirava a cigarro.

Pensava enquanto caia no sono, fumava escondido dos pais.

Dormiu além da conta, ao acordar não conseguia enxergar um palmo à sua frente. Sua respiração estava ofegante.

Decidiu prender a respiração por um momento, porém o som ofegante de respiração continuava.

Não sabia se era real ou fantasia, poderia ser meramente um sonho.

Lembrou-se de sua avó, ela sempre falava “não é tudo que se deve falar em voz alta, o diabo nos ouve todo o tempo”.

Sentiu mais medo ainda…

O caminho da sua cama até interruptor da lâmpada nunca foi tão longo.

Tentava se manter indiferente, afinal de contas nunca acreditou em anjos e demônios ou coisa parecida.

Seu celular que sempre fica debaixo de seu travesseiro não estava mais lá. Desejava que tudo aquilo fosse fruto da sua imaginação, desejava voltar no tempo e nunca ter dito certas coisas.

Bateu a neura, o medo, medo de morrer.

Pensou em se matar para não dar oportunidade a outra pessoa de tirar sua vida.

Uma sombra se aproximava e parecia cada vez mais perto.

Voltou para cama, deitou e se cobriu todo.  A seguir sentiu uma mão fria tocar seus pés, minutos depois, foi tocado por algo mais frio ainda, uma língua fria, que começou pelos pés e foi subindo, tocando cada centímetro até à sua virilha, agora era uma boca quente, gostosa de sentir.

E ele a experimentou de tantas maneiras.

Houve o encontro quente das bocas famintas, tomou coragem e abraçava aquele corpo quente, aquela pele gostosa, há tanto tempo não vivia algo assim.

Que morte boa – pensava, enlouquecido de prazer – quero morrer todo dia.

Tudo acontecia de maneira inexplicável.

Ele beijou e foi beijado, penetrou e foi penetrado, foi tudo tão perfeito. Após o orgasmo, os corpos cederam um sobre o outro, exaustos.

Carinhos e carícias eram os únicos gestos.

Algum tempo depois, empurrou o parceiro, acendeu a luz e tudo se esclareceu, aquele homem em sua cama, fora seu desejo de muito tempo, um vizinho que sempre lhe olhava, mas nunca dizia nada, nunca lhe dava uma chance de qualquer aproximação. Percebendo que estava sozinho, invadiu a casa e realizou suas fantasias.

Ambos davam gargalhadas.

“Promete que não conta para ninguém – disseram juntos, começando tudo de novo.

Ah, o celular ele esquecera na sala.


(A parte do texto do convidado foi editado, adequado e revisado)

COM DIEGO ROSA 

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