Já não se provia da esperança de encontrar um amor verdadeiro.
Aquele amor que resiste a tudo. Que resiste as tempestades inesperadas das primaveras, verões, outonos e invernos.
O destino rege a vida com culminância, apesar dos obstáculos e dos acasos. Muitos dos nossos sonhos tantas vezes ficam perdidos por aí. O tempo os leva embora e em alguns casos não resta nem o sabor do que não se viveu.
Ana tinha o sonho de encontrar um homem perfeito – um amor para toda vida.
Encontrar um amor que traz paz e acalma. Por muito tempo buscou esse amor, começara no começo da juventude uma maratona sentimental.
E foram tantos sonhos espalhados pelo chão.
Tantas decepções.
Tantas lágrimas de amor.
E após densos sofrimentos, resolvera se entregar a solidão, isso a fez tão infeliz, se sentia asfixiada, com temor da vida, é como se para ser feliz dependesse excepcionalmente de alguém.
Não sabia ser feliz sozinha.
Não queria ser feliz sozinha – o resultado foi a queda da sua emoção, da sua autoestima. Necessitou se recolher num luto longo. Precisava se refazer. Precisava olhar outra vez ao redor.
Precisava esquecer a angústia e perceber que o amor não traz dor. Que amor é um sentimento nobre que soma, completa e traz segurança.
Enfim após alguns anos se refez, olhou para dentro de si, se olhou no espelho. Estava bela, uma pele alva, cabelos marrons, a tez perfeita.
Naquela noite decidira jantar sozinha, aprendera a ser sozinha, compreendeu – quanto sua companhia é magnífica.
E quando você se sente bem sozinho, certamente está pronto para viver um intenso sentimento. Poderá destinar a alguém um amplo amor.
Escolheu um sofisticado bistrô da Paulicéia, entregou a chave do carro ao manobrista, nas quartas-feiras não havia necessidade de fazer reserva.
De couvert pediu uma cesta de pães e patês artesanais e nos próximos minutos degustou pouco a pouco o requintado cardápio oferecido pelo local, tudo acompanhado de um espetaculoso vinho.
Na mesa ao lado um belo homem a observava, esquio, aparentemente com trinta anos, vestido de maneira casual.
Os olhares se cruzaram.
E nas semanas seguintes, se encontravam, quase todos os dias.
O casamento ocorrera vinte e três meses depois.
Agora, após doze anos, se amam como a primeira vez. As bocas ainda murmuram palavras de amor entre afagos, carinhos, carícias e gemidos de prazer.
O longo beijo. As bocas percorrendo pelos corpos ardentes, o ato, o sentia dentro dela de maneira impossível de descrever. Eram desejados, realizados e saciados, sem reservas, sem pudor.
O amor os contagiou de forma genuína e se evoluiu nobremente ficando acima dos fatos do dia a dia.
O amor se misturou com a paixão e acendeu o desejo aprimorado e aumentado com o passar dos anos.
Hoje se amam mais do que quando se conheceram naquela noite no meio do inverno.