Vitrines Da Vida

Sem querer

Por onde caminhava sempre chamava a atenção, prudentemente somente olhava intensamente, seu olhar expunha tudo.

E foi esse olhar que o deixou seduzido, inquieto.

Tudo começara numa reunião que participavam, ele apresentava seu trabalho, observado por dezenas de pessoas, mas encontrou o olhar dela em meio a tantos outros.

Algum tempo depois fora oferecido um coffee break, ocasião que aproximara-se dele.

Conversaram alguns minutos sobre ele.

Sentiam a respiração um do outro.

Quanto encanto naquele instante, tudo ao redor fora esquecido. Sentaram-se à mesa e se fizeram companhia.

Continuavam falando sobre eles.

Os planos.

A carreira.

Os gostos para comida, música, balada, lugares interessantes. Coisas banais que se conversa no primeiro encontro, mesmo que casual.

Marcos era muito interessante, um homem com mais ou menos vinte e cinco anos, quase um metro e oitenta de altura, corpo esbelto e bem distribuído, um sorriso atraente, olhos castanhos bem claros. Desses que não passa desapercebido.

Um jovem bem comportado que lhe aguçou o desejo de tocá-lo nem que fosse por uma única vez.

Sem querer apaixonara por ele, essas paixões que tiram a razão. Dessas paixões que fazem você pensar no outro o tempo todo, que lhe faz criar mil fantasias. Que traz um amargo sentimento de saudade. Tipo paixão de adolescente, fora isso que ocorrera. Imaginava-o em sua cama, amando-a freneticamente. Imaginava-se em seus braços, sentindo sua pele quente, seu beijo enlouquecedor.

Encontraram mais algumas vezes no mesmo evento. Como sempre muito discreto e enigmático a deixava perturbada.

Após esse episódio se falavam ao telefone e ela lhe enviava algumas declarações de paixão via SMS.

Numa rede social conversavam em tempo real.

Foi ali que se conheceram ainda melhor, foi ali que falaram de seus interesses – um no outro.

Entretanto, Marcos era um homem casado, desses que somente seduz, mas nunca concretiza o envolvimento. Quantas mulheres já sofreram por ele. Um jogo de olhares, de palavras mal entendidas.

E o profundo olhar que intriga.

Todos convites feitos por ela foram recusados. Sem rodeios, não aceitou tomar um drinque, ir ao cinema, almoçar ou jantar juntos. Num súbito de desejo o chamou para um motel, mas também ouvira um não como resposta.

Após alguns meses a paixão cessou, não mais ouviu falar nele.

Agora dois anos depois ele vem chegando de mansinho.

Com o mesmo jogo. Perturbando-a sem explicação. 

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