Vitrines Da Vida

Pela última vez

Bem dizem que há certos erros que pode se repetir sem pudor, sem ponderação.
Sem juízo!
E as pessoas não mudam, adaptam a situação que lhe convêm no momento, por um momento. Seis anos jogados na lata de lixo.
Ela soube, sua bendita intuição não falhara, percebia cada mudança, cada corte, o gosto de outro beijo, o cheiro do pecado jogado na roupa ao lado.
Marcas do desejo estampadas na roupa íntima dele.
Como doeu.
Após muita pressão, ele decidiu se confessar.
E confessou.
Uma confissão que a deixou transtornada. Louca.
Deu-lhe um forte tapa no rosto.
Quebrou alguns objetos do quarto.
Caminhou à cozinha, pegou enlouquecida uma atraente faca, mas perdera a força de fazer qualquer coisa, além de chorar por tamanha deslealdade, por tamanha traição.
Quanta dor sentira.
A cada palavra se dilacerava por dentro e por fora.
Quanta dor sentira ao saber, – tudo que percebera fora real.
“Eu não estava errada” repetia compulsivamente entre lágrimas. Num grito de dor abafado pelo travesseiro.
E foi caindo na real.
E foi caindo num abismo sem fundo.
Sem fim.
Quisera a morte nesse instante, mas tinha somente a realidade da perversão do amado esposo.
A vida escrevera sua história assim, com final infeliz.
Quisera viver um conto de fada, onde o amor é perfeito, onde o amor existe com respeito, fidelidade, verdade, porém isso fora uma mera ilusão.
Seu filme é assistido em preto e branco. Perdeu a fome, perdeu tudo. Sentira-se vazia, tão vazia, tão vazia, tão vazia, tão vazia… não dá para descrever o vazio que ela sentiu, que ela sente, que ela viverá eternamente.
Diante de tudo ainda o beijou, ainda o amou, pela última vez.
Seu plano já está traçado.
Não vai muda-lo. Não pode suportar essa dor. Não pode superar essa dor.
Já a superou uma vez e isso somente destruiu sua autoestima, seu amor próprio. Destruiu sua autoconfiança, seus planos foram jogados pelo chão.
Não pode mais viver.
Nem a chuva lavará a sua dor.
Não se permite mais sofrer.
Chora por dentro a cada minuto.
E ele carregará para sempre a culpa de sua morte…

 

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