Local aglomerado.
Pessoas de todos os tipos.
Ali, todos buscam um amparo para dor.
Para salvar suas vidas.
Vítimas de acidentes diversos: trânsito, domésticos…
Vitimas e mais vítimas…
Até das atitudes inconsequentes vividas.
No corredor macas ocupadas pelos olhares de misericórdias, ao lado um acompanhante vencido, impotente, pois não se pode fazer nada, apenas doar sua companhia.
Na sala de emergência os médicos correm contra o tempo, cortam aqui, emendam ali, entubam, aspiram e ressuscitam quando possível.
A noite é sem fim.
O frio da morte ronda o local em busca do próximo a partir.
Não há posição social, porque até mesmos os mais favorecidos que não se preocuparam em pagar um convenio médico se submetem a espera do socorro.
Um momento de trabalho em grupo.
O desconhecido se torna amigo e apoio.
Conversam sobre a enfermidade do doente.
Trocam favores.
Trocam olhares afáveis.
Apegavam-se a Deus.
Apegavam-se aos médicos, enfermeiros, assistentes sociais ou qualquer pessoa que lhe passem a ilusória sensação de que tudo dará certo.
E o corre-corre se estende na noite densa.
Ambulâncias e viaturas chegam, a todo momento, com alguém aos gritos… e muitas vezes no silêncio da dor profunda – no submundo entre este mundo e o além.
Ali se percebe que o ser humano é frágil, é nada. Tudo que tem pode ficar para trás.
Somente seus valores não levados em conta.
Momento de reflexão.
Momento de olhar para dentro de si.
Momento de olhar ao redor e compreender que a vida é somente uma viagem.