Vitrines Da Vida

Não adiantava fugir

Recebeu uma ligação dele.
E mesmo sem querer foi ao seu encontro.
No pensamento – é a última vez! Não o amo mais. Que cara chato!
Ideou uma sequência de defeitos para ele. Estava disposta a ser fria e fazê-lo perceber tal frieza.
Não iria deixar o amor derrotar a razão, a vergonha na cara.
E lá foi ela caminhando em meio a multidão.
A cidade estava cheia…
Um calor infernal…
As pessoas andando depressa…
As lojas, em promoções, com sons ligados em alto volume.
Que lástima!
De longe avistou-o.
Estava tão belo.
A pele clara… a mesma boca, os mesmos olhos, o mesmo sorriso – o jeito manipulador de ser.
Trajava uma roupa de verão – bermuda e camiseta, tornando-se ainda mais sensual.
Ao encontrá-lo todos os pensamentos de resignação desapareceram. Aquela presença lhe acalmava a alma.
Não tinha como fugir!
Não tinha um antídoto contra esse veneno que posicionava nas suas entranhas.
Ocorreu o esquecimento de tudo…
Até o stress desapareceu.
A tarde foi primavera cheia de flores.
Caminharam, juntos, lado a lado.
Conversaram sobre suas vidas – ela mais escutou do que falou.
Sentaram numa lanchonete dentro de um shopping.
Tomaram algo.
E assim as horas passaram…
Na despedida o toque das mãos.
De volta a realidade: um ódio de sim mesma, provido de um sorriso – resultado de ter se surpreendido consigo mesma.
Há certas coisas na vida que não tem como fugir delas, o melhor é encarar a situação e admitir a derrota.
Ela teria que admitir que se submetia ao querer daquele homem…
Não adiantava fugir – seria viver de ilusões.

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