Vitrines Da Vida

Em outros braços

O amor, a paixão e o desejo são necessários para manter um quase-perfeito casamento.

A paixão inflama, é ela que faz a explosão acontecer, é ela que faz o amor mais fugaz.

O desejo, ah o desejo é o sal do relacionamento, tem que ser na medida certa, ele liberta e escraviza. É como se se você estivesse com muita fome e comesse uma comida maravilhosa, dessas que o deixa muito satisfeito.

O amor é sensatez. É companheirismo. Fidelidade. Cumplicidade. Lealdade. Sem paixão e desejo o amor se torna simplesmente uma amizade.

Luma sabia bem disso e seu amor pelo marido se concretiza a cada dia. Há mais de cinco anos vivia com ele.

E nesse período se apaixonou por ele muitas vezes.

O desejo e a paixão faziam com que degustasse ele sem moderação. Com vontade, com fervor.

Amava seu cheiro.

Desejava sua pele.

Tinha intenso ardor pelo prazer que ele lhe dava, muitas vezes sem perceber, nas noites de sexo que compunham seu casamento.

O tempo foi passando e a rotina bateu na porta e entrou sem pedir licença. Pedro era um homem de meia-idade, desses que entre a adolescência e a juventude se aventurou sem modéstia em muitas situações que surgiram.

Pegava mesmo, pegava quem lhe interessava. Pegava mulheres e homens também, porém no casamento, embora certas explosões, era moderado, respeitoso e não atendia os pedidos indecentes da esposa, tipo ser xingada feito putas de zona. Realizava algumas fantasias com receio e cuidado. No entanto quando tinha oportunidade se jogava sem reservas e fazia tudo que podia e não podia, na rua, com pessoas que sequer perguntava o nome.

Luna percebia que seu amor esteve em outros braços, porém não dizia nada. Observava e transavam com desejo e paixão. Nessas ocasiões o circo pegava fogo. Amavam-se exaustivamente.

Era a paixão fazendo a sua parte.

Após o orgasmo, no escuro do quarto, despidos, ela sentia o gosto amargo da traição. Uma tristeza invadia sua mente.

Precisava provar daquele pecado e casualmente, por ironia da vida, numa tarde de outono quando andava distraída pelo shopping um belo jovem lhe chamou atenção e acendeu nela a coragem de corresponder – seu olhar.

Era muito interessante, tinha um corpo sensual, uma pele alva, abdome e tórax definidos; uma boca dessas que nos promove uma vontade beijá-la.

Foi o ocorrido poucos minutos depois num quarto de motel. Sentia e bebia seu suor, seu cheiro masculino, seu corpo pesado sobre o dela.

Após a despedida, ficara com aquele olhar na mente, ele lhe tocou como há tempos não era tocada.

Pegou o carro no estacionamento, ligou o rádio e dirigiu rapidamente pelo trânsito caótico daquela cidade.

Estava tão satisfeita.

Sentiu o gosto doce da vingança.

Chegaria em casa e faria amor com o esposo sem uma gota de arrependimento. Feliz.

Estava tão nas nuvens que não percebeu o sinal vermelho, a última coisa compreendeu foi que seu carro foi jogado longe, atingido por um caminhão em alta velocidade.

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