Vitrines Da Vida

É amor demais

E queria tanto entender o porquê da impassibilidade do seu amado.
Desejo forçado.
Tudo parece acorrer, quando ocorre, somente por obrigação.
Até existia carinho – mas após o gozo um muro de concreto se formava entre eles.
Isso a deixava atormentada.
Consumia-se na dúvida.
A dúvida é algo lamentante.
Tira a paz.
Faz tomar coragem para tantas coisas.
Dormir com inimigo – é a sensação que se tem quando o desejo acaba ou esfria num casamento.
Verônica sabia bem disso, pois estava vivendo exatamente nesta situação.
Tentara arrumar inúmeras justificativas.
Abraçava o esposo, fazia-lhe carinhos e ele lá estava morto, “desereto”, desconsertado, distraído. Deixando a solidão vencer o sentimento existente entre os dois.
Verônica é um tipo de mulher que desperta as atenções.
Decifrada por olhares de desejo – nem que seja sexual, pois suas curvas, bem definidas, gritam chamando atenção.
Agora, arrependera por todas as vezes que não correspondeu a uma cantada.
Poderia ter se realizado debaixo de outros corpos.
Poderia ter experimentado um beijo mesmo que fosse amargo.
Mas seu instinto de fidelidade sempre a impediu.
Desejo vencido ao pensar no esposo.
Amava-o muito… ama-lo com dedicação.
É amor demais.
No entanto o desejo cessou – da parte dele – assim, como o sol se vai em dias de inesperadas chuvas.
Agora, quer viajar em outros braços para tirar o calor que lhe queima no peito.
O ódio de si apossa quando, ainda, pensa em não ferir o esposo falido – falido de desejo, falido de gestos, falido de atenção.
Ainda se ilude em acender outra vez a chama que se apagou.
Decidiu esperar mais um pouco…
Se não resolver, ousará de consciência limpa, em outras camas.

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