Adaptações Vitrines Da Vida

Corte a corda

Existia um alpinista que sempre buscava superar seus desafios, continuamente fazia isso.

Depois de muitos anos de preparação, resolveu escalar o Aconcágua, mas simplesmente queria a glória somente para si.

E resolveu escalar sozinho sem nenhuma companhia, atitude anormal nesse tipo de escalada. O ideal seria ir em dupla ou grupo, caso ocorresse algum problema.

Ele foi, sem medo, ignorando os riscos e perigos.

Começou a longa escalada e o tempo foi cruel passando depressa. Sua força física o traía, e ele sequer havia se preparado para um descanso, não restava alternativa, continuou a escalada.

Estava decidido a atingir o topo.

Lento, sem forças, viu a noite cair como um breu nas alturas daquela montanha, não era possível mais enxergar um palmo à frente do nariz.

Tudo era escuridão, não havia lua e as estrelas estavam cobertas pelas nuvens.

Continuou a escalada, faltando apenas uns cem metros do topo, ele escorregou e caiu. Caiu numa velocidade repentina, sentia a terrível sensação de ser sugado pela força do abismo sem fim.

E caía…

Sentia o tocar da morte, e em meio a uma angústia terrível, sua vida passava feito um filme em sua mente.

Momentos felizes.

Horas triste.

Sorrisos e choros.

Erros e acertos.

Os amores.

Os amigos.

Sua família.

Inesperadamente ele sentiu um puxão forte que quase o partiu pela metade. Como todo alpinista, havia cravado estacas de segurança com grampos em uma corda comprida que fixou em sua cintura.

Nesses momentos de silêncio, suspenso no ar na completa escuridão, não sobrou para ele nada além dos gritos de socorro:

Meu Deus! Me ajude!

Na sua mente uma voz grave e profunda dizia:

O que você quer de mim?

Me salve, meu Deus, por favor!

Realmente acredita que eu possa te salvar?

Tenho certeza, meu Deus.

Então corte a corda que te mantém pendurado.

Houve um momento de silêncio e reflexão. O homem se agarrou mais ainda a corda e pensou: Se eu cortar, vou morrer.

Novamente ouviu a voz pela última vez.

Corte a corda,

Na manhã seguinte o pessoal de resgate o encontrou congelado, morto, agarrado com as suas duas mãos a uma corda…

E apenas a dois metros do chão.

(Texto adaptado)

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