Vitrines Da Vida

Como fora infeliz

Bebia todos os dias.
Mesmo sem querer.
Um jovem que até despertava atenções.
Logo estava namorando.
A moça de família da classe média.
Nos primeiros encontros já fora humilhada por ele após alguns copos de cerveja.
Transformava-se em outro alguém, flertava qualquer pessoa, algo que parecia lhe fazer bem, levantar sua autoestima.
Não passava na realidade de um pobre coitado em todos os sentidos, bebia para fugir de seus sonhos fracassados e sua falta de coragem.
A bebida era seu escudo, seu disfarce, sua desculpa para fingir que se esquecera do que fizera na noite anterior.
Ela se submetia a esse desamor.
Viveu dois anos escrava da humilhação.
Escrava de um homem que não mereceu nada do que sentiu.
Agora, lembrou-se de como fora infeliz.
Maldita fase.
Lágrimas vertidas para amenizar a vergonha que sentira.
O que concluiu foi que jamais o amou, simplesmente apegou-se a ele por causa do sexo que vez ou outra era bom.
Apegou-se a ele por não ter amor próprio e tudo aquilo a levou se deprimir a cada amanhecer.
Livrar daquela prisão foi difícil demais.
Foi alívio demais.
Foi o resgate de si mesma.
“Ah se pudesse apagar o passado”, almejava assim como se apaga uma escrita errada com corretivo, mesmo que a leve mancha ainda aparecesse, sentiria-se menos incomodada de saber que um dia quis ser dele.

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