Vitrines Da Vida

Bem-casado

A paixão e o amor se misturam nos corações das pessoas. Logo na adolescência toda essa fantasia é despertada. Um dor gostosa de sentir e experimentada por todos nós.
Nicole viveu tantas paixões. Começara aos quinze anos. Namorou alguns rapazes interessantes, mas o rumor daquele sentimento se desfazia em pouco tempo. Aos dezoito anos viveu sua primeira experiência sexual. Frustante – ela mesma define assim.
Dois anos mais tarde conheceu Léo. Nunca experimentara a sensação que teve ao deparar com ele. Foi algo inexplicável. No começo, apenas amizade, mas quando perceberam surgiu o primeiro beijo, e a companhia dele passou a ser essencial para a felicidade de Nicole.
Um golpe estava reservado para aquela mulher, que projetou toda sua vida baseada na ilusão de um amor eterno.
Namoraram três anos…
Um dia Léo mudou o seu comportamento, da água para o vinho. Não fazia questão de encontrar com ela. Inventava desculpas. E quando estava por perto, seus pensamentos mantinham perdidos em um lugar distante. Na cama já não sentia aquele desejo primordial e necessário para manter acesa a chama do prazer. Algo muito necessário num relacionamento.
Antes nem bem Nicole se insinuava, ele já estava pronto. Mas agora, ela tinha que usar sua criatividade para excitá-lo. Léo tinha mais prazer em se masturbar do que ter uma relação com a namorada.
E assim seguiam vencendo o tempo, ou melhor tentando vencer o tempo, até que ele afastou-se sem explicação, sequer o telefone atendia. As noites foram reavivadas pela liberdade. Nas baladas, bebia, dançava, desejava e era desejado… em muitas manhãs acordou se perguntando o que fazia ali, na cama num quarto simples de motel, uma parceira ou até mesmo um parceiro, dormia com ares de satisfação. Léo nem fazia força para recordar o ocorrido, efeito da bebedeira exagerada.
Nicole viveu a partir daquele instante da não despedida, uma amargura, uma angústia sem fim. Em muitos momentos, mesmo sem querer, às lágrimas desciam face abaixo.
Seu mundo partiu ao meio quando soube por uma amiga do casamento dele. Não podia acreditar que perdera o seu primeiro amor para sempre…
Na data marcada, mesmo sem ser convidada, de um canto discreto, Nicole contemplava o matrimônio de seu amado. Cada flash ficara aprofundado em sua memória.
A chegada dos convidados, todos em grande empolgação…
A entrada dos padrinhos…
A entrada do noivo…
A entrada da noiva… a invejada noiva…
Os sorrisos estampados nos rostos.
A troca de alianças…
O juramento…
Enfim as assinaturas no livro… no maldito livro!
Ah quanta desilusão! Sua vontade era sair correndo… não, não! Sua vontade era parar tudo aquilo e declarar em lágrimas o seu amor. Ou quem sabe pegar uma arma e matar os dois. Chegou a conclusão que o amava demais para estragar a conquistada felicidade dele.
Preferiu se calar… e sofreu tanto por isso. Ainda guarda numa caixa antiga de madeira, as cartas de amor cheias de palavras bonitas e declarações convincentes, o anel de compromisso, algumas fotos de memoráveis momentos vividos, e o bem-casado recebido como lembrança no casamento do único amor da sua vida.
Hoje depois de muitos anos, mesma casada ainda revive tantas coisas que simplesmente os dois sabiam. A saudade é a dolorida realidade. Concluiu que quase ninguém se casa de fato com o primeiro amor, aquele que dizem que não se esquece… e nenhum tempo é capaz de apagá-lo.

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