Adaptações Vitrines Da Vida

A águia

Um jovem fazendeiro ia sempre a floresta apanhar pássaros, infelizmente gostava de mantê-los em seu cativeiro.

Certo dia conseguiu pegar um filhote de águia e impensadamente o colocou no galinheiro junto às galinhas.

Aquele filhote cresceu com hábitos e vida de uma galinha.

E assim se passaram alguns anos.

Num belo dia de sol recebeu em sua casa a visita de um ornitologista.

Enquanto passeavam pelo jardim o especialista se surpreendeu e disse:

– Essa ave não é uma galinha, é uma bela águia.

–  Realmente é – disse o fazendeiro.  – É uma águia.  Mas se tornou uma galinha.   Ela não é mais águia.   É uma galinha como as outras.

– De forma alguma – retrucou o ornitologista.   Ela é e será sempre uma águia.  Este coração a fará um dia voar às alturas.

– Não. Ela virou galinha e jamais voará como águia.

Fizeram uma prova da situação.

O ornitologista tomou a ave, ergueu-a bem alto e bradou:

– Você é uma águia, pertence ao céu e não à terra, abra suas asas e voe.

A águia ficou sentada sobre o braço estendido daquele homem.  Olhava ao redor.  Fitou as galinhas ciscando para lá e para cá, sem hesitar pulou para junto delas.

– Eu te avisei, ela virou uma simples galinha.

– Não. Ela é uma bela águia. E uma águia sempre será uma águia. Tentaremos de novo amanhã.

No dia seguinte, o profissional subiu com a águia no telhado da casa e ordenou:

– Você é uma águia, abra suas asas e voe. Voe sem medo.

Porém quando a águia viu lá embaixo as galinhas ciscando o chão, pulou e foi para junto delas.

O fazendeiro sorriu:

– Eu já te avisei, ela virou galinha!

– Não! respondeu firmemente.

­– É uma águia e possui um coração de águia. Vamos tentar uma última vez. Amanhã ela voará.

No dia seguinte, os homens levantaram bem cedo.  Pegaram a águia, levaram-na para o alto de uma montanha.

O sol estava nascendo e dourava os picos das montanhas.  O profissional ergueu a águia para o alto e ordenou-lhe:

– Você é uma águia, já que você pertence ao céu e não à terra, abra suas asas e voe…

A águia olhou ao redor. Tremia, como se experimentasse nova vida.  Mas não voou.

Segurou-a firmemente, bem na direção do sol, os olhos dela se encheram de claridade e ganharam as dimensões do vasto horizonte.

Ela abriu suas potentes asas. Ergueu-se, soberana, sobre si mesma.

E começou a voar e voar cada vez mais para o alto.

Voou e nunca mais voltou.

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