Fim de tarde, dia normal como outro qualquer, fui ao Mercado Central comprar ração, isso há dois anos.
Final de expediente, os comerciantes já se apressavam para fechar as lojas.
Os animais daquela sombria área já percebiam o que estava por vir. Uma noite fria, sem afeto, sem ar, nas gaiolas da solidão.
Após a missão cumprida, deparei-me com uma gatinha preta numa das gaiolas, ao me vê, logo começou a miar desesperadamente.
Há dias, eu andava tentado a aumentar a família de gatos, na época eram somente seis.
E também queria uma gata preta, já que os três pretos que tivemos anteriormente morreram ainda filhotes.
E Sombrinha foi lá para casa, com apenas dois meses.
Tão preta que só se enxerga sua sombra.
Gata mimosa, tão chata, tão bonitinha, logo se afeiçoou a mim e a Ryan.
Subia na cama.
Brigava com os outros gatos.
Miava continuamente pedindo carinho.
Descobri que ao encaminhá-la no colo rumo a escada de saída do apartamento duplex, a pequena menininha pretinha entrava em desespero.
“Vou te levar embora” e ela miava, pedindo para ficar.
Sombrinha é uma gata carente, SRD, mas com uma personalidade forte.
Aos seis meses, ela engravidou, por acidente.
Nasceram três menininhos pretinhos e um menininho cinza.
Agora, praticamente dois anos depois, ela continua aqui, dona do pedaço, convive bem com seus dezessete companheiros.
Sua mania de miar, piedosamente, manteve.
Conversa com a gente miando, nos entende tão bem.
Ainda requer afeto.
Sempre a pergunto “menininha pretinha do laço de fita o que você quer”?
Responde miando continuamente.
Quem sabe agradecendo por tê-la tirado das gaiolas do Mercado.