Naquela semana após o carnaval fomos ao Mercado Central, não me recordo fazer o quê. Há dias queríamos um bichinho de estimação, já que a Zidane, um coelho, eu tinha resolvido mandar embora. Dei-o para uma conhecida.
Passeamos por aquele corredor cheio de animais engaiolados, um cheiro forte, um local quente! Em uma gaiola contemplamos dois gatinhos pretos… meios feinhos, mas resolvemos ficar com um deles – eu queria o macho, acho que dá menos trabalho.
E assim levamos Grude. Em pouco tempo ele se apegou a mim, em todos os lugares da casa que eu estava ele ficava por perto.
Era a primeira vez que eu tinha um gato em casa. Na verdade nunca prestei atenção em um. A visão que muitas pessoas têm sobre gatos – predadores, gatos de quintais que servem somente para expulsar os ratos, ou senão gatos de rua marginalizados.
Os gatos não são nada disso.
São amigos… carinhosos… companheiros dengosos… além disso é um animal ótimo de se educar.
Grude permaneceu em nossa companhia oito meses dos dez que já tinha.
Cheio de tantas manias.
Parecia entender tudo.
Vivia com mais dois gatos que compramos depois, Bravinho e Bibi.
Grude era um grude. Brincava feito uma criança feliz.
Certo dia, ao voltarmos do trabalho, não nos deparamos com ele na porta ao abri-la, como todos os dias desde que chegara. Procuramos por todo o apartamento. Impossível ele ter fugido, pois estava no sétimo andar.
A realidade veio mais tarde, quando uma senhora bateu na porta e entre lágrimas relatou que ele caíra da janela. Generosa e afetiva a animais, principalmente a gatos, já que tem um, socorreu-o.
Grude ficou na nossa memória.
Voltou para a natureza em 20 de novembro de 2007.