As Belo-horizontinas

A romântica do Paquetá

Com pequenas e curtas ruas, poucas casas e tamanho reduzido o bairro Paquetá se localiza na região da Pampulha.
Um local quase bucólico.
Rita reside neste belo lugar, sozinha e muitas vezes incomodada com seu viver.
Desde a mocidade se descobriu romântica, coisa infrequente hoje em dia, pois as pessoas estão ríspidas, sem muito tempo de apreciar o interior umas das outras, mas nem por isso Rita se deixou contagiar pela aspereza, mesmo se ferindo em certos momentos.
Durante a semana, executava seu trabalho com perfeição, sempre de bom humor, mesmo se encontrando triste e consumida pelas frustações de suas procuras, ainda assim estampa no rosto um sorriso que contamina às pessoas.
Nas noites, após assistir os telejornais e a novela, publica numa rede social toda sua sensibilidade, local onde mantem alguns poucos amigos, uns até já conhecera pessoalmente.
Belorizontina formosa, olhos cor de mel, cabelos castanhos naturais, enfim uma pessoa bonita, inteligente e bem sucedida, como um alguém sensível, muitas vezes se encontra com a perversa solidão que lhe subtrai o ânimo e a faz deparar com situações que não narram nada do que sente.
E no amor busca alguém com essa sintonia.
Tudo como antigamente.
A ansiedade teria que ser contida, nada de ultrapassagem proibida. Poderia haver beijos profundos, desses que tiram o ar, abraços bem apertados, desses que aconchegam a solidão. Carinhos exagerados, desses que fazem tão bem, carícias ousadas, dessas que faz sair do chão, somente isso e muitas declarações de amor. Muito “eu te amo” e “eu te quero”.
E, inesperadamente, encontrou alguém do jeito que quisera.
Nem se fosse sob encomenda sairia tão perfeito.
__ Posso me apresentar – chegou gentil, cheio de rodeios.
Ela, surpreendida, apenas sorriu.
__ Joel… – estendeu-lhe a mão.
Jantavam no mesmo restaurante, uma cantina italiana.
__ Rita – nos seus olhos estrelas no céu.
Sem saber por quê, deixou com que lhe fizesse companhia.
__ Você tem uns olhos que me fazem sentir perdido – revelou.
E falaram sobre suas vidas.
A cada revelação, Rita encantava-se.
O namoro surgiu sem mais, nem menos.
Um relacionamento que lhe fazia tão bem, tão feliz, tão completa. Era extremamente respeitada, e ele nunca extrapolara qualquer limite.
O namoro durou dois anos, até quando Rita descobrira que ele fizera na rua, com mulheres da vida, tudo o que não fazia com ela.
Não pôde perdoar e voltou ao seu mundo, onde nada a magoaria, exceto a solidão que vinha corroendo pouco a pouco.
O ocorrido foi que Joel era homem vivido, teatral e no primeiro momento intuíra qual seria seu personagem para tê-la, afinal era um tipo de mulher para casar, foi uma calamidade perde-la. De nada adiantou fingir ser do tipo que ainda manda flores.
Rita tentava limpar a mente exercendo outras coisas. Ouvia músicas, assistia filmes, lia livros, tudo falando de amor, porém o vazio insistia em lhe causar um desconforto desmedido.
Estava certa de que não iria mudar seus conceitos, seu jeito de ser, um dia na hora certa, que ninguém nunca sabe qual é, encontrará sua outra metade.
Alguém romântico como ela.
Alguém correto.
Alguém que cuida verdadeiramente sem nenhuma pretensão.

1 COMENTÁRIOS

  1. ” A Romântica do Paquetá” – Mais um sublime traçado de letras de Silvio Cerceau.
    Em um texto simples e harmonioso, deparamos com a busca de todo ser humano “Amar e ser Amado “. O Autor trata o tema com tamanha sutileza, que a personagem em si, torna-se apenas uma mensageira do sentimento e nesse transcorrer, vimos como o respeito em um relacionamento é essencial, inclusive o respeito aos “segredos” e, em contrapartida, a lealdade e a solidão sem ser sinônimo de sofrimento, mas crescimento.O tema central e implícito, é a busca da felicidade traçada pela Rita, que é algo bem tranqüilo: A Felicidade Conquistada! E, denota-se, que ela não está preocupada em ser esquecida. Ela tem sua força interior, seus anseios e sabe que o desejo de amar e ser correspondido é universal, mas deste, advém a tranquilidade do querer estar em paz e em sintonia com seus valores, sabendo que a vida deve ser vivida a cada segundo, sem anseios futuros, sem cobranças, mas com Amor verdadeiro, porque a vida em si, é um romance e, no final da história, todos tem a mesma opção, basta apenas viver o que mais lhe convém. É isso. Um Conto de louvor ao Amor, que existe dentro de cada um. Excepcionalmente, Belo!

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