As Belo-horizontinas

A desconfiada do Belvedere

Belvedere é um dos mais luxuosos bairros de Belo Horizonte, cresceu em torno do BH Shopping. É o bairro mais alto da cidade, possui uma espetacular vista da cidade. Sua origem se remonta ao antigo Curral Del Rey.
Hoje a região cresce exageradamente, são erguidos anualmente diversos edifícios de luxos. Uma região bonita. Suse adora todo o glamour do local. Madame de quarenta anos, casada com um alto executivo. Casal sem filhos. Decidiu não fazer nada na vida, portanto seus dias são destinados a futilidades, compras, academia, vigiar o esposo e bater papo com as amigas que tiveram a mesma decisão dela – não fazer nada.
Nas suas conversas o marido é o principal assunto, nada lhe tira da cabeça que ele lhe traí sem piedade.
Vive desconfiada.
A desconfiança atormenta.
A desconfiança começa sempre à procura de um motivo real onde se instalar e, de fato, nem precisa ser tão real assim – basta ser plausível e pronto! Ela se instala.
A desconfiança transforma seus sonhos em pesadelos.
Torna-a psicótica.
Em certos dias o ama com tanta intensidade, porém em outros o quer longe, o vê com um imundo, como a pior pessoa do mundo.
Tudo isso porque o “perdoou” um dia, antes não tivesse perdoado, quem sabe assim, hoje, viveria em paz. Monitora seus passos perdidos, todavia a desconfiança vence sua razão.
O perdão se deu ainda no começo do casamento, três meses, arrependido revelou as traições, contara que tivera diversas transas com umas colegas de trabalho, dessas transas que rola somente sexo, nada mais.
Suse ficara em choque, sentiu-se ferida. Como doeu saber aquela verdade. Ela já sabia. Desconfiara, seus olhos percebiam tudo.
Depois de alguns dias o perdoou. Assinara o atestado de infelicidade dele – dela.
A partir daí ele sempre manteve seus horários rigorosos. Virou o esposo que toda mulher quisera ter. Tornou-se infeliz, cheio de receios. Após cinco anos ainda vive monitorado. Suse desconfia que ele respire outros ares sempre que surge uma oportunidade.
Suse vive infeliz.
Vive questionando o motivo que se mantem casada com um homem em quem não confia. Cheira suas roupas.
Procura evidências.
Vasculha sua agenda no celular.
Tudo em busca de um novo motivo para ter coragem de deixa-lo para sempre.
Na realidade não sabe se o ama ou se simplesmente não aceita perdê-lo.
E assim vai vivendo desesperadamente, covardemente.
A solução para amenizar a situação fora deitar em outras camas e tocou dezenas de homens que não tinham nada do que buscava, nada do que queria. No final de cada ato ficava aos pedaços, sentindo-se imunda, sentindo da mesma laia do marido.
Do seu verdadeiro drama ninguém tem conhecido. Da sua falta de paz. Do seu imaginar que vive enganada. Seria tão simples resolver todo esse dilema, um detetive particular colocaria fim a essa via-sacra, mas Suse evita a verdade.
Desconfiada vai vivendo a infelicidade que é suprida pelo bem estar que o dinheiro pode proporcionar.
Uma coisa é certa, ninguém sofre mais com o ciúme e a desconfiança do que o próprio ciumento, desconfiado. Trata-se de um grande desperdício de energia e de vida.
Quem sofre tanto com este problema faria por bem se ocupar mais, atentar para aquilo que ela entrega no relacionamento, e menos, com aquilo que ela recebe.
Suse precisa abrir os olhos.
Precisa ser feliz.

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