Faltam poucos dias para o fim do mundo e ela ainda não teve em seus braços o amor de sua vida. Saber que o fim se aproxima, que nunca o teve e que jamais o terá, lhe causa uma sensação de fracasso, sem medida, sem explicação. Sempre tivera tudo que quisera em sua vida. As coisas mais banais. As coisas mais desejadas, no entanto se apaixonou por alguém que escutava outra sinfonia. Outra canção. Não poderiam dançar juntos.
Fez tudo para chamar sua atenção.
Já se declarou. Já se humilhou. Já implorou seu sentimento, seu amor.
Uma noite apenas para ser feliz por toda sua existência. Uma noite apenas para ser tão sua. Para beijar a sua boca quente, para deslizar pelo seu corpo e ter tantas sensações. Uma noite apenas na sua cama. Na sua vida. Ah, como seria feliz. O seu cheiro seria real.
O amor se tornou seu maior tormento. O amor é o maior tormento de tantas pessoas. Muitos amargam a solidão. Quanto sofrimento o amor causa. Quantas lágrimas, quanta dor, quanta vontade de sair correndo sem rumo, atrás do vento, sob a chuva fria que lava a alma apaixonada.
E quantos sonhos estão perdidos na caminhada de tantas pessoas. Na minha , na sua, na daquele que nos faz sofrer.
Planos fracassados.
Desejos frustrados.
Um querer não realizado, material ou não.
Agora, há tão poucos dias do fim do mundo, declaramos, em tom de brincadeira, o que não fizemos e o que o tempo não vai permitir que façamos. Toda brincadeira tem um pouco de verdade, dizem.
Será?
O jeito é esperar, se no dia vinte e dois de dezembro você acordar e apreciar o sol ou chuva, essa é a chance de fazer tudo que ainda não fez. Chegara a hora de realizar seus sonhos. De ter o seu amor. De espantar a solidão.
Ela pensa assim, porém não vai se atrever a pagar para ver no que vai dar esse rumor do apocalipse. Tomou coragem, pegou o celular, ligou para ele e sem pensar se declarou. Pediu somente um abraço…
E se encontraram no dia seguinte.