Vitrines Da Vida

Somente por paixão

Começo de tarde, caminhou depressa em meio à multidão, o vento frio cortava feito navalha na pele. Agarrou-se ao casaco, os lábios tremiam, há tanto tempo não fazia um frio de verdade.
Entrou no carro.
Conferiu a aparência no espelho. Retocou o batom. Ligou o rádio, sintonizou na emissora de sua preferência.
Enfim caiu na real do que estava prestes a fazer. Mais uma vez. Escrava daquele sentimento guardado.
Reencontra-lo seria o mesmo que voltar ao passado, sempre fora assim, agora, certamente não seria diferente. Ainda assim, após receber sua ligação e o ousado convite, sentiu-se inquieta, ansiosa, nem mesmo conseguira nos dois dias precedentes.
Não podia de deixar de sentir aquele perfume novamente, mesmo que fosse só por alguns minutos ou quem sabe horas. Não poderia. Não queria. Jamais diria – não.
Não podia deixar de olhar naqueles olhos enigmáticos. Ah, aqueles olhos lhe trazia tantas coisas.
Não podia evitar o toque naquela mão suave, que lhe tirava do chão. Naquele corpo de pele alva, que lhe aliviava todos os anseios.
Não teria pudor. Seria imponderada, atrevida.
Dessa vez tudo seria diferente, se entregaria totalmente, com outras intenções.
Chegou ao local no horário marcado.
E logo o viu tomando um drinque.
Sentou-se à mesa.
__ Sem cerimonias. Não precisa se levantar – antecipou antes de qualquer atitude dele.
Ele foi uma paixão dessas que deixa saudades. Paixão que acende o fogo e traz uma gota de desejo que incendeia tudo.  Tipo fogo e gasolina. Um amor que não passou.
__ O que vamos fazer – perguntou sem rodeios.
__ Estava com saudades – foi gentil.
__ Ahhhh… quanta saudade!
Ele não disse nada.
Depois de meia hora de conversa jogada fora, pediram a conta e saíram depressa.
Nem bem entraram no quarto, um beijo iniciou a procissão a seguir. Um beijo demorado, ofegante, faminto, enquanto as mão arrancavam-lhes as roupas. 
O encontro das peles.
Ela o empurrou na cama. Abaixou-se e começou a caminhada pelos pés, sua língua subia e passava pelas curvas sem receio, causando suspiros e gritos de desejo. Quantas sensações.
Foi subindo pelas pernas, passou pela virilha e por muitos minutos ficou por ali o fazendo enlouquecer.
Ele estava a ponto de implorar de explodir.
Continuou a subida pelo abdome, pelo peito, pelo pescoço, e os lábios mais uma vez se encontraram demoradamente.
E o ato aconteceu cheio de paixão. Foi penetrada, foi amada, foi realizada.
O suor. Os sussurros, os orgasmos repetidos. Tudo fazia tão bem, que nem perceberam que já quase anoitecia.
Não tinham como definir tanta realização – dele, dela.
Não deram certos como um casal tradicional, porém se tornaram amantes.
E quanto o desejo apertava, se descobriam e se fartavam. Amavam-se sem saber. Tem coisas assim que dão certo na vida. Basta não buscar explicações.
Dessa forma iam vivendo… fugindo da rotina de seus casamentos.
 
 

COMENTE

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.