Estava sempre tentando, mas não conseguia deixar de magoar os outros.
Mulher bonita e inteligente, dotada de tantos talentos, porém as pessoas logo se afastavam chateadas.
E foi assim com a família, alguns amigos e até os desvairados namorados.
Com Daniel a magoa foi tremenda.
Agraciou-se com ela assim que a olhou pela primeira vez.
Paixão arrebatadora.
Entregou-se sem receio. Amaram-se por tantas noites.
Foi traído sem nenhuma discrição.
Todos sabiam que a namorada deitava em uma cama e outra, ele, todavia fora o último, a saber.
Tudo doía demais.
Aos poucos o sabor do beijo ia desaparecendo.
O cheiro inebriante não mais o seduzia.
Tanta solidão sentia nos dias sem razão.
Um caminhão de revelações fora despejado na porta da sua emoção.
Ela fazia tudo por dinheiro, se vendia a quem pagasse seu preço.
Prostituta disfarçada de moça correta. A beleza fora seu escudo e seu incentivo.
Não se importava com a idade, aparência ou qualquer critério.
Não nega que por Daniel sentiu, de fato, um sentimento diferente, mas não podia trocar seu conforto por uma paixão inconveniente.
Sentia-se desejada.
Adorava realizar seus objetos de prazer financeiro.
Aquela noite reservou-se para Daniel.
Tomou um demorado banho, usou um segredo para causar-lhe a impressão que há semanas nada fazia sexualmente, burrificou um agradável perfume no pescoço.
Após algum tempo, entrou no restaurante chamando atenção de todos.
Caminhou até a mesa e o fitou de olhos vermelhos.
“O que ocorreu?” – perguntou por perguntar.
Manteve-se indiferente ao lhe ser apresentadas as provas de tudo que fizera.
Não negou, até foi digna nesse instante e gritou nitidamente sem cuidado algum – seus perversos segredos.
Daniel sentiu-se corno, infeliz, usado, enganado.
Desde esse dia não tivera mais coragem de olhar ao redor.