Vitrines Da Vida

Seu maior medo

Não comia na mão de quem brincava com o seu sentimento. Desde a adolescência tivera aos pés, todos os rapazes interessantes e desejados, que quisera.

Sempre um enigma, era considerada uma mulher fatal, entretanto era fiel como um cão.

Namorava com Douglas há três anos, cumpria seu papel de namorada com requinte. Leal, boa de cama, atenciosa e ainda com tudo no lugar no quesito beleza.

Passavam os finais de semana trancados no quarto, na casa da família dele, se amando, se abraçando e trocando as mais ousadas carícias. Eram tantos orgasmos. Tanto prazer.

Douglas é uma jovem de vinte e três anos com um corpo sarado, uma pele clara, olhos vivos, boca atraente, dote exagerado. Deixava-a louca. Deixava-a completa, feliz e satisfeita.

Foi um aplicativo de mensagens o agente causador da discórdia, afinal hoje em dia muitos casais se separam por causa de traições e romances, às vezes sem importância, nessas redes sociais, uma maneira de se auto afirmar e corresponder sem interesse a alguém que lhe paquera.

Fizeram amor diversas vezes naquela manhã de domingo, ela se sentia outra vez apaixonada, sempre se apaixonava por ele e era essa paixão que fazia o relacionamento quente e extremamente perfeito… para ela.

Após mais uma realização, Douglas foi tomar um banho.

Ela ficara na cama, imaginando o próximo ato, pois nesses dias estava tão apaixonada que queria amá-lo mil vezes, incessantemente.

Ouviu o zumbido do celular, Douglas por mania o deixava sempre no silencioso. Curiosamente pegou e abriu o aplicativo. Seus olhos depararam com a evidência e a prova da traição.

Uma mensagem de vinte linhas revelava seu maior medo.

___Ser traída.

E foi. Foi sem dó nem piedade. Foi sem o mínimo de consideração. Foi como se fosse uma pessoa qualquer. Como nem não houvesse nenhum esforço para fazê-lo feliz.

Era doce. Polida e sua convicção é que amor só vale sem precisar pedir perdão. Entregava-se de corpo e alma. Sem reservas. Sem receio. Sem medo de amar.

Naquele instante lágrimas. Uma dor ruim substituía a dor gostosa da paixão.

Ao sair do banho Douglas deparou-se com ela ainda com o aparelho na mão. Logo perdeu o sorriso e já previa o cair de sua máscara.

Sem alternativa justificou que transou por impulso, coisas de homem.

Ela não disse nada. Levantou-se. Vestiu-se e saiu sem rumo.

Douglas passou a tarde no quarto tentando arrumar um argumento e pensara encontrar a solução quando ela apareceu sem lhe avisar. Pensava que a domava na cama e tinha razão, pois ele enlouquecia naqueles braços.

Não disseram nada.

Despiram-se e os corpos queimaram juntos.

No meio de todo fervor, ela pegou discretamente uma faca escondida dentro da bolsa, deixada propositalmente perto da cama e o golpeou diversas vezes.

Ele não resistiu aos ferimentos.

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