Vitrines Da Vida

Saudade matada

Ontem se lembrou dele como há tempos não lembrava.
Sentiu uma fisgada no peito.
E teve a certeza que ainda o amava.
Na realidade nunca deixou de amá-lo.
A rotina era que a fazia conseguir seguir em frente e se acostumar sem perceber com sua ausência.
Ah, se pudesse mudar os traços do destino!
Sofrer por amor é algo tão abstrato e irreal. Uma dor sem razão.
Sara sentia-se exatamente assim – sofria sem razão.
Viveu com ele mais de oito anos.
Foram tantos sonhos.
Tantos planos estraçalhados.
Vai vivendo. Não há alternativa.
Vence a batalha dia a dia. No amanhã nem pensa – é melhor assim.
A juventude está indo embora e com ela um monte de pretensões.
Sonhos de menina.
Como é bom sonhar nessa fase, tudo é tão puro e perfeito.
A puberdade vem trazendo os conflitos do coração… os conflitos da personalidade.
Passar por tudo isso não é uma tarefa fácil. Machuca, corroí devagar tipo cupim numa madeira resistente.
Ontem, no meio do trabalho, parou, assim, de repente, e o cheiro do seu amado inebriou seu viver. Ficou perdida na neblina do amor por alguns minutos e foi despertada por alguém que lhe fazia uma pergunta.
O resto do dia foi saudade pura.
A noite foi de insônia.
Perdeu o apetite.
Perdeu o ensejo de se arrumar, maquiar… perdeu sua tão parceira vaidade.
Como o amor é traiçoeiro, ficou escondido meses e meses e sem mais nem menos volta atordoando aquela mulher de impressões tão seguras – talvez seja seu escudo.
Sem pensar muito pegou o celular e ligou…
Jantaram, dois dias depois.
Acabaram num motel.
Afirmo que é impossível descrever este reencontro.
Foi pornográfico…
Foi cheio de abraços fortes…
Beijos famintos…
Carinhos ofegantes…
Carícias e mais carícias…
Amor guardado e resguardado no coração dele e dela.
Depois disso, tudo acabou… saudade matada, voltaram a rotina dos dias sem sentido.

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