Vitrines Da Vida

Quem procura acha

Aquele olhar bateu intenso demais.
Nele, foi intuído, um forte fascínio.
Sentiu-se traída pelos olhos, pudera, era uma mulher aristocrática, vivia um casamento imutável, mas Marcos deixou-a numa inquietação incompreensível.Era um homem charmoso. Observava bem ao redor, como se consecutivamente procurasse algo.
E quem procura acha.
Permaneceu dias imaginando-a. Precisava saber seu querer.
A melhor maneira seria um jogo de palavras de duos significados.
A armadilha perfeita à uma mulher atraída.
Na primeira oportunidade aproximou-se.
Alexia sentiu-se sem ar, mesmo tentando disfarçar, não foi plausível.
Deliberada em seu querer, casara-se há pouco mais de três anos. Amava o marido. O casal era puro esmero. Vivia um relacionamento extremamente ideal.
Entretanto manter a flama do desejo impetuosa num casamento é a receita mais procurada nos últimos séculos.
Os casais depararam-se sucessivamente com a solidão – e tentam de qualquer maneira mandá-la embora.
Ao identificar alguém que os atraem: o coração bate forte no peito. Uma desmesurada vontade de experimentar uma fragrância diferente. Um abraço novo.
Marcos foi direto em suas indiretas e obteve a confissão. Elogiou-a e deu-a segurança.
_ Sim… você me deixou aturdida – dizia com voz plácida.
Ele queria ir além. Parece que fazia-lhe virtuoso ser cobiçado. Sentia-se galã. “O gostosão”.
Marcos também sustentava um casamento. Dizia-se feliz e completado. Afiançava não interessar-se por sexo.
_ O que importa é qualidade e não quantidade! – foi sistemático na declaração.
E Alexia ficou ali submissa a tantas perguntas e quase nenhuma resposta.
_ Sou muito bom de cama, principalmente quando bebo – e contou-a suas sigiladas fantasias.
Não mais contendo, ela afoita:
_ Quero vê se é isso tudo – respirou fundo –, mesmo.
E foi nocauteada com mais versos sedutores.
Perdida, indecisa e com água na boca, o imaginou de todas as maneiras.
Porém Marcos fora enigmático… extremado. Talvez quisesse somente testá-la ou quem sabe puramente saber que é desejado, nada além!
_ O que você quer de mim, afinal? – não podia deixar de fazer-lhe esta indagação.
_ Quero ser seu amigo – Alexia sentiu-se alagada de cima em baixo. È como se tivesse sido banhada por um balde de água fria.
E se desculpou…
E se justificou…
E se decepcionou tanto… tanto…
Sentiu ódio dele e de si mesma.
Difícil era entender alguém assim – calculista – que faz da vida um palco, e banca um personagem sem definição alguma.
A solução – a realidade dos dias rotineiros…
A vida real.

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