Vitrines Da Vida

Passatempo

Comprar era o passatempo de Marie.
Todas as tardes, lá estava ela entrando em algum shopping afim de diminuir o espaço em seu closet. Pudera, moça de uma família de posses e não tinha muito o que fazer na vida. Não estudava, nem trabalhava. Portanto, seu tempo destinava-se simplesmente a comprar.
Moça nova de aparência comum, não era feia ou bonita.
Embora comprasse todos os dias, seus trajes resumiam-se a jeans e camisas de malhas – de grifes famosas.
Certa vez, concluiu: não tinha mais o que comprar para si mesma, pois até na loja de CD já havia passado e levado tudo que lhe interessava e o que não lhe interessava também.
Decidiu presentear os conhecidos, porque amigos, ela não tinha. Assim ia vivendo a vida, ocupando seu tempo com algo extremamente sem sentido.
Ela obteve com isso a fama de boa cliente, a burguesa que não tinha dó de gastar, nem bem aparecia na porta das lojas,os vendedores já lhe jogavam um tapete vermelho. Tratavam-a como a atração da hora. Marie sentia tão feliz. Sabia que aqueles vendedores tinham como parte de seus salários a comissão das compras dela.
Esse passatempo tornou-se uma maneira de ela ajudá-los.
E cada dia Marie escolhia um vendedor para contemplar com a comissão de seu passatempo.

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