Vitrines Da Vida

Na cama errada

Quisera sepultar seu sentimento.
Tentativa em vão.
Há meses sentia que tudo não era mais como antes.
Havia esforço para os beijos e abraços.
Estava certa que o amava, mas tão incerta quanto ao sentimento dele.
A nostalgia do romance se apagava a cada novo amanhecer.
Muitas vezes passavam dias sem um beijo sequer.
Para homem é mais difícil fingir do que para a mulher.
A ereção tem que ser perfeita, o gozo tem que ser real e ele já não executava nada disso.
Apenas cinco anos de casamento.
Tão pouco.
Os casamentos antigos duram uma vida…
“Será que com o tempo resta somente o respeito e a amizade?” – se questionava.
“Eu não preciso dormir com um amigo. Quero um homem que me realize.” – determinava antes de cada tentativa frustrada.
De tempos em tempos acordavam no meio da noite, embolados um ao outros, tudo que ela sempre queria.
Mas como num passe de mágica ele despertava pra realidade, abria bem os olhos e tudo cessava – assim feito gelo no fogo.
Parecia que sonhava com outra.
Que amava outra.
Trazia seu sonho para realidade e quando se dava conta deparava-se com a esposa.
Acordara na hora errada.
Na cama errada…
“Estou cansada” – pensava ao tocá-lo aqui e ali e ser cortada, evitada e podada.
E o tempo passava sem camaradagem.
“Ah, seu eu pudesse decifrar seus pensamentos.” – almeja fitando-o nos olhos frios.
Ana é uma mulher interessante, cuidadosa, vaidosa – dessas que desperta atenções.
Tem um olhar fatal.
Provida de uma boca gostosa de beijar.
Consumia-se de culpa.
Consumia em busca do resgate do desejo em seu tão púbere casamento.
Até chegou a pensar:
“O jeito é me realizar em outros braços.”

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