Vitrines Da Vida

Espera

Por todo esse tempo a única coisa que fez foi tentar esquece-lo, mas esse amor a pegou de jeito.
Conheceu todos os efeitos colaterais do amor.
A dor no peito.
A saudade nas noites frias e nos dias nublados de inverno.
A vontade de abraça-lo é como se com muita sede não tivesse água para beber. Não restou nada, além de dores inexplicáveis.
Ainda se pergunta – como posso amar alguém assim – não há resposta.
Dezesseis anos.
Dezesseis anos de dolorido sentimento. De vazio. De espera. De tantos planos não concretizados.
Não sabe o que espera. Não sabe o que fazer. O coração continua ferido, se ilude que um dia ele vai bater em sua porta e se entregar.
E tudo será tão perfeito…
É esta ilusão que lhe faz seguir em frente.
Vai vivendo com os olhos vendados. Perdendo a chance de ser feliz. Vai perdendo sua juventude. A realidade é que depois dele nunca mais fora feliz, até já se encontrou sorrindo sem motivos, alegria de momento, só isso.
Nos sonhos o tem. Beija-o. Sente seu corpo. Faz amor como almeja. Somente nos sonhos. No dia seguinte a dor é mais viva. Pega o celular, pensa em ligar, no entanto resigna, sabe que isso não resolverá sua dor. Até vem ao encontro dela quando é convidado. Chega feliz. Cheio de intenções nunca compreendidas. Evita falar de sentimentos. Evita falar da sua vida sexual e amorosa.
Almoçam juntos.
Falam sobre outras coisas das suas vidas e se despedem no fim da tarde, sem sentido, sem nada de novo, gerarem.
Momentos que só servem para lhe provocar mais sofrimento.
Enxerga-o em cada olhar. Em cada sorriso. Em cada canto que passa.
Vive assim, como dezenas de outras pessoas que amam e não são correspondidas, a realidade é que ela ficou presa ao passado, a um fato ocorrido no começo da juventude, aquele tipo de amor que marca, mas que ninguém o tem para sempre, um sentimento que é obrigado a ser armazenado na memória – o primeiro amor.
Ela passou por todas as fases da vida com primor, venceu cada obstáculo. Foram tantas perdas de pessoas e de coisas que fazem falta. Ousou se entregar algumas vezes, sem emoção. A sombra desse amor a perseguiu a cada instante.
O amor não correspondido é doloroso demais.
O amor não correspondido lhe rouba a autoestima.
O amor não correspondido lhe rouba a felicidade, mas somente quando você permite e não aceita que não é amado por quem tanto quer.
Quantos amores não correspondidos encontraremos pela vida? Em cada esquina. A cada novo amanhecer. Há vários amores.
Ela precisa ser feliz, o fato de saber disso já é um passo para começar a subir a escada do esquecimento e mudar seu rumo, mesmo que um dia ele bata em sua porta, inesperadamente.
 
 

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