Chega uma ocasião na vida que é imprescindível revelar seus segredos.
Seus desejos.
Seus sentimentos.
Ela diferiu essa decisão por anos.
Quinze anos.
E foram tantos sonhos perdidos.
Sofreu demais.
Pranteou em segredo.
Viu seu amor em outros braços, feliz, realizado.
Agora, decidiu fazer sua confissão.
Planejou detalhadamente cada palavra, cada gesto.
Não poderia consentir outra decepção em sua vida. Tolerou tantas coisas que lhe machucaram demais.
Combinaram um almoço numa sexta-feira, dia agitado, mas ela se encontrava completamente serena.
Almoçaram num self service sofisticado.
Sentaram em um espaço prenotado.
Degustaram salmão grelhado, arroz com cerejas e salada verde.
Tomaram suco natural de frutas vermelhas.
Falavam sobre suas vidas, seus negócios e tantos planos futuros.
_ Eu te amo – disse, ela, inesperadamente. Sem dar pausa continuou. – Eu te amo, desde que o vi pela primeira vez. Te amo com minha alma. Guardei esse sentimento há muitos anos. Eu preciso de você.
Ele perdeu a cor, perdeu o jeito, sentiu-se sem lugar.
Perdeu as palavras.
Fitava-o fixamente, olhos nos olhos.
As mãos se encontraram em cima da mesa.
Sentiram um fogo lapidá-los da cabeça aos pés.
Pediram a conta e saíram sem rumo; porém acabaram no quarto de motel.
O primeiro beijo não há palavras para descrevê-lo
Foi como se significasse a primeira vez dele, dela.
Aos poucos as roupas se espalhavam pelo chão.
As peles se tocavam acarretando um frêmito desmesurado.
Beijou-o nos pés, nas pernas, na virilha, no tórax, no pescoço, sua língua percorria cada centímetro daquele corpo alvo, atraente, gostoso.
Murmúrios anulavam o silêncio.
Amaram-se na cama, na banheira de hidromassagem, se amaram com tanta necessidade.
Após o ato, deitaram-se um sobre o outro, escutavam as batidas dos corações desacertados.
Sentiam as peles… os cheiros… e tudo recomeçava.
Fora a única vez que o tivera em seus braços.
Nada mais.