Vitrines Da Vida

Coisas em comum

Coincidências acontecem.
Mas quando em excesso, acabam até alarmando os envolvidos.
Vivian findou o namoro há mais de um ano. Sentira-se três anos numa prisão, porque ela e o ex-namorado viviam um para o outro. Isolados de tudo.
Por ele, afastou-se dos amigos e tantas coisas foram deixadas de lado.
Agora, sozinha, velejando pelo shopping sentiu um medo sem razão. Há quanto tempo não saía só. Apreciava as vitrines…
Imponderava olhar os belos rapazes que cruzavam seu caminho.
Hum! Quanta beleza ao redor.
Resolveu tomar um milk shake.
_ De chocolate, por favor – narrou ao atendente estendendo-lhe o cartão de débito para o pagamento.
Já estava irritada com a fila e a demora.
Pra tomar um milk tem que esperar quase meia hora, que absurdo! – comentou alto.
O jovem detrás sorriu.
_ Deveriam colocar mais pessoas pra atender – ele comentou cordialmente.
E começaram a conversar.
Depois de atendidos sentaram-se à mesma mesa.
_ Você é daqui? – perguntou-a para quebrar o silêncio.
_ Sim…
_ Ah vamos nos apresentar, Jaime, prazer? – estendeu-a a mão.
_ Prazer, Vivian.
Fitou-a profundamente.
_ Hum! Seus olhos são?
_ Claros – interveio Jaime, – que cor está agora?
_Verde. Eu adoro olhos verdes – tentou ser discreta.
_ Dizem que a cor dos olhos revela muito da pessoa – brincou ele.
_ Será? Os meus são castanhos…
Ele sorriu e explicou:
_ Olhos azuis são ciúmes. Olhos negros são queixumes, sinais de uma tristeza sem fim. Olhos verdes é traição, cruéis como punhais.
_ E os meus? – perguntou apreensiva.
_ Olhos castanhos são leais…
E falaram sobre eles.
Tinham os mesmos gostos.
A mesma idade.
Tantas coisas em comum.
O envolvimento foi instantâneo.
Depois de seis meses, se amaram. Foi um segredo bom.
Somente os dois sabiam.
Somente os dois avaliavam o quão forte e profundo era o que sentiam.
A promessa…
_ Seja meu, que serei sua!
Do amor anterior não restou nem lembranças. Tudo se apagara a cada dia.
A dor violenta passou.
Como os dias sem sentido.
As noites… quantas noites!
Dos retratos sobraram cinzas.
E nas horas, quando batia a saudade, pranteava. Chorava sozinha, assim chorava mais a vontade.

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