Há muitos modos de demonstrar os sentimentos.
Um sorriso, um olhar, um gesto, uma ligação, o cuidar discretamente, porém quando a gente ama qualquer gesto é confundido.
Ela tinha absoluta certeza que não estava enganada, pois se apaixonaram quando cruzaram o olhar pela primeira vez, há tantos anos.
O tempo passou e eles cuidaram um do outro, cada um do seu jeito.
Após uma safra de saudade se encontraram, após o natal em que almejaram estar juntos, porém a escolha de cada um não possibilitou esse acontecimento.
Almoçaram juntos, comeram lagosta, tomaram champanhe e brindaram seus desejos.
“Como eu te amo” pensou ela olhando-o profundamente.
Após o almoço tomaram um licor conversaram sobre suas vidas.
Planos dele.
Planos dela.
Em nenhum momento se colocaram um na vida do outro.
Enquanto ele falava sem pausa, ela fazia declarações em silêncio.
Desejava tê-lo para sempre em sua vida.
Trocaram presentes.
As mãos se encontraram.
Um olhar desconfiado, cheio de receios, olhar dele.
Algum tempo depois se despediram.
Ela saiu sem olhar para trás, afastou-se com dor no coração, no peito.
Haveria de encontrar uma maneira de conter seu sentimento, seu nobre amor, seu singular amor.
Quanta tristeza sentira nos dias seguintes.
Voltou a degustar da saudade, sentiu o gosto amargo da solidão.
Tudo tão vazio, tão triste, tão nublado, a chuva completou o cenário lastimável da angústia vivida.
O jeito fora esperar um novo encontro, quando ele mais precisar dela outra vez.
E como ela quer isso.
Já fez de tudo para lhe chamar a atenção.
Desde o começo mandou cartas, se declarou, se fez presentes em tantos momentos importantes, mas nada lhe despertou o sentimento.
Esteve sozinha durante toda sua vida, mesmo se aconchegando em outros braços, sentindo o gosto frio de outros beijos, explodindo, simplesmente por necessidade, em tantos orgasmos, em tantas peles, tantos cheiros, tantos homens que quiseram lhe fazer bem.
Nada resolveu.
Esse amor não passou!