Vitrines Da Vida

Alma feminina

Mulher forte dessas que não se abala com as descidas da vida, na vida.
Vivia um dia de cada vez.
Resolvia uma questão a cada dia.
No amor.
Nos negócios.
Nas relações sociais em geral.
Mulher moderna decidiu viver sozinha.
Sua vida sentimental se resumia somente a alguns encontros, não era desse tipo que se curva as ordens masculinas, portanto dividir um teto com alguém estava de fato fora de cogitação.
Como companhia escolheu dois belos gatos – um sem raça todo branco e um norueguês da floresta rajado de verde, ambos lindos.
Eles eram o seu escudo, pois se em sua casa entrasse alguém com energia ruim, os gatos alertavam-na e se escondiam.
Dizem – as pessoas que não gostam de gatos tem algo a esconder, pois o olhar deles decifra o ser humano, despe suas almas sujas.
Olhar nos olhos de um gato não é para qualquer um.
Hanna sabia bem disso.
Mas por detrás dessa mulher forte há uma alma feminina sensível.
Dessas que sabem chorar quando precisa, mesmo que seja sozinha no silêncio do seu quarto.
Durante a semana comanda uma equipe profissional com pulsos firmes.
Respeitada. Sua imagem rude causava medo a muitas pessoas.
Somente um disfarce perfeito.
Nos finais de semana saia sem compromisso, gostava de dançar, e se esbaldava numa boate sofisticada da cidade.
O vestido Chanel, o perfume importado, sapatos altos que lhe realçavam a elegância.
Na mão um copo de uísque sem gelo.
No meio de tudo a troca de olhares.
Seus olhos verdes sem querer encontravam algum rapaz interessante.
Apresentavam-se, bebiam e dançavam antes de surgir um beijo profundo e cheio de vontade.
Muitas vezes tudo terminava na antemanhã, na porta do carro. Apenas pegava o número de telefone por educação.
No entanto ao parar no primeiro semáforo, pegava o smartphone e apagava.
“Foi apenas um momento de diversão” – dizia jogando aparelho no banco de passageiro.
E vivia bem assim.
Na rotina que se estende nas vidas ao redor, precavia para sentir-se menos incomodada.
“Já tenho mais de vinte e cinco anos” – ressaltava isso a si mesma.
E tudo se repetia nos meses que se arrastavam um após o outro.

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